Espetáculo “5 Segundos” estreia em alto estilo

A peça “5 Segundos” estreou nesta quinta-feira, dia 29 de agosto, e permanece até domingo, dia 1º de setembro, em cartaz, no teatro Jorge Amado. Nesta quinta, o publico lotou o espaço e aplaudiu de pé a apresentação. O Bahia Social esteve presente e garante que vale a pena conhecer essa história cheia de surpresas e reflexões.

Inspirado em um relato real, o espetáculo “5 Segundos” reacende o debate sobre os valores humanos ao retratar o sentimento, as verdades e mentiras da guerra na última batalha entre um soldado alemão e um pracinha da Força Expedicionária Brasileira.

O espetáculo conta com a sensível atuação de Felipe Mago (novela “Sol Nascente”, Rede Globo, 2017), de Felipe Velozo (filme “Marighella”, 2019; série “Os Irmãos Freitas”, 2019; e “Barrela”, 2017) e da bela Marília Carvalho (“Ativistas da Paz”, 2015), que também assina a produção do espetáculo. 5 Segundos tem na direção o professor, historiador e dramaturgo, Ricardo Carvalho (que também é responsável pelo texto), Alan Miranda e Daniel Arcades.

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Abaixo aspas dos diretores da peça “5 Segundos”

“‘A Guerra é uma desgraça… Naqueles 5 segundos, minha vida passou diante de mim… eu não queria matar, mas também não queria morrer… e sei que ele, o inimigo, pensou o mesmo.’ Um relato dramático e real de um atmo de tempo, vivido por dois homens durante o maior conflito militar da História Humana, pode resumir todas as angústias, sonhos, frustações, ilusões e desejos da nossa Saga na Terra? Diante desses dois homens a mais dramática de todas as decisões: matar ou morrer? “5 Segundos” é a Arte, mais uma vez, oferecendo uma alternativa para a realidade. Quanto encantamento, idílio, poesia, traumas e resgates cabem nesse tempo? O Tempo do Teatro é infinito e inexistente ao mesmo tempo. Dilatem-se as ampulhetas… Corram as rodas do sol, acelerem-se (ou retardem-se) as rotações e as translações das orbes que a dramaturgia chega, mais uma vez, para trazer Poesia e Delírio para vencer os tempos dos ponteiros e dos Homens.” de Ricardo Carvalho.

“Meu avô serviu na Segunda Guerra. Isso faz tanto, tanto tempo, que eu só lembrei exatamente agora, quando sento para escrever sobre o que o espetáculo me provoca. Meu avô era boêmio, roupa branca, chapéu e álcool na cabeça, mergulhado nas noites perdidas em bares à beira mar da nossa Bahia dos anos 40. Quando a guerra abriu suas asas sombrias em nosso país, tudo mudou. Em sua volta, algo mudou em meu avô. As noites perdidas, vistas como poéticas, transformaram-se em vício e, alguns anos após a guerra, meu avô falece de cirrose. Minha vó, analfabeta, não soube buscar seus direitos de viúva, o que jogou ela e seus cinco filhos na amargura da miséria. Pensando bem, olhando para trás, até pouco tempo, minha família tentava sobreviver ao inexorável peso tardio da guerra. Este espetáculo, acredito, fala disso. Até onde a guerra vai, além do campo objetivo de batalha. O quanto ela destrói muito, muito além do front e da retaguarda. Ela ultrapassa não só a geografia, mas sua sombra e, mesmo após a festejada data do término, transforma sociedades, visões de mundo, famílias, indivíduos. Não há um ano na História Humana em que não estejamos em guerra em algum ponto do globo. Parece-me que isso é inerente ao encontro entre grupos e etnias. Isso me faz gelar a espinha… Pensar que obras tão reflexivas como a nossa, e pessoas como eu e você, leitor, continuarão surgindo das cinzas de nossos holocaustos coletivos e individuais.” de Alan Miranda.

“O cenário de uma guerra mundial parece tão ficcional, mas tão ficcional, que saber de sua existência real já desenvolve uma confusão em minha cabeça. Ao mesmo tempo em que uma batalha demonstra toda a nossa força e todo o poder dos seres humanos, enxergo também toda a nossa imbecilidade e nossa incapacidade de estabelecer o mínimo de diálogo com o que existe ao nosso redor (sejam humanos, seja a nossa fauna, seja a nossa flora). Acho que, por isso, a temática da guerra fascina tanto. Parece irreal, parece um mundo fantástico, parece coisa de cinema. A primeira peça de teatro que li tendo a guerra como cenário foi ‘Mãe Coragem’, de um dos maiores dramaturgos do teatro mundial, Bertolt Brecht. A leitura do autor sobre o episódio da guerra através de uma velha comerciante que dependia das batalhas para poder vender seus penduricalhos me deixou, ainda adolescente, sem fôlego e disposto a ler tudo que o dramaturgo alemão escreveu. Assim fiz, li tudo, não por acaso, a guerra era um dos seus assuntos mais recorrentes. O cenário da guerra nunca foi um grande assunto na dramaturgia brasileira e ‘5 segundos’ pode ser apontado como uma novidade por aqui. Agora, nos anos 2000, temos algumas escritas que se aproximam do tema, como os textos ‘Fatia de Guerra’, do dramaturgo curitibano Andrew Knoll e ‘Campo de batalha’, do baiano Aldri Anunciação e o clássico ‘Relato de uma guerra que não acabou’, do Bando de Teatro Olodum. Fico feliz e triste ao mesmo tempo em ter que lançar luz a esse assunto em territórios como o nosso em pleno século XXI. Escolher falar de guerra, seja ela qual for – a de 1914, 1930, a fria, as ditaduras militares, a do Vietnã, as civis, as de facções criminosas – é assumir a necessidade de mostrar para o público sobre o horror que nos ronda e de como as coisas podem ficar bem piores. Há tanto ódio gratuito nas redes sociais, tantos discursos preconceituosos tomando as ruas, tantas dicotomias disfarçadas de ideias livres, há tanto desejo de sangue ainda, que ‘5 segundos’ não se apresenta como uma lembrança histórica. Matar e morrer nunca foram soluções e nunca serão, embora sempre sejam as estratégias utilizadas pela nossa humanidade. A guerra é um horror e só o teatro para nos aproximar dessa imagem e desenvolver em nós o desejo de nos afastarmos dela o mais rápido possível… Enxergar essa ameaça como uma realidade e pedir que ela se mantenha no campo da arte apenas. Esse, talvez, seja o nosso maior desejo.” de Daniel Arcades.

Serviço:

O QUÊ: Espetáculo Teatral “5 Segundos”.

QUANDO: Sexta (30), sábado (31), às 20h; domingo (1° de setembro), às 19h.

ONDE: Teatro Jorge Amado, Praça Nossa Senhora da Luz, Pituba – Salvador.

QUANTO: R$ 60 (inteira); R$ 30 (meia) – sympla.com.br Preços especiais para professores e estudantes – (71) 98159-5403*

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