Prevenção e vigilância é melhor forma de evitar propagação do Coronavírus

*Por Larissa Voss Sadigursky, pneumologista da Clínica Clivale do Salvador Shopping e da Calçada

O surto de pessoas infectadas pelo Coronavírus na China (na cidade de Wuhan), posteriormente propagado pelo mundo, chamou a atenção dos agentes de saúde e órgãos como a Organização Mundial da Saúde pela intensidade da pneumonia provocada pelo vírus. Chamado pela OMS de doença respiratória aguda COVID-19, o vírus já chegou ao Brasil e está na fase de transmissão comunitária, registrando, até o fechamento deste artigo (17/03/2020), 234 casos confirmados por balanços das secretarias estaduais de Saúde, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde neste domingo. Na Bahia, foram contabilizados 13 casos até o momento. A OMS classificou a atual epidemia como emergência de saúde pública de interesse internacional. Na prática, a decisão tem um peso político e envia um sinal aos países membros da entidade, como o Brasil, que adotem ações coordenadas, o que inclui vacinas e tratamentos, além de práticas de precauções como verificação de viajantes em portos, aeroportos, medição de temperatura e monitoramento de quem chegou de viagem, mesmo que sem sintomas. Neste momento, a recomendação é evitar viagens, aglomerações e passagens por aeroportos ou rodoviárias.

Recomendações – O Ministério de Saúde do Brasil recomenda que os casos suspeitos sejam mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. O paciente deve utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantido preferencialmente em quarto privativo. Profissionais da saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção). Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias, como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizada precaução por aerossóis, com uso de máscara profissional. É muito importante lavar sempre as mãos e braços, além de evitar coçar boca e nariz. E não esquecer o álcool em gel 70, para os momentos em que não for possível lavar as mãos. Também está desaconselhado o cumprimento com as mãos. Atenção redobrada com os idosos, uma vez que a doença pode ser fatal em até 18% dos casos contra 0,2% em jovens, segundo especialistas.

Como surgiu – O coronavírus (CoV) integra grande família de vírus, conhecidos desde a década de 1960. Podem causar desde um resfriado comum, até síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS) e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS). A variedade identificada nos pacientes infectados na China até então não havia sido identificada em humanos. Até o recente aparecimento desta modalidade de vírus, denominada COVID-19, existiam apenas seis cepas conhecidas capazes de infectar humanos.  O novo coronavírus foi identificado em investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de casos de pneumonia de causa desconhecida entre dezembro/2019 e janeiro/2020, em Wuhan. Nos tipos anteriores de coronavírus, observou-se que podem ser transmitidos de animais para humanos. Investigações detalhadas descobriram que o SARS-CoV foi transmitido de gatos selvagens para humanos na China, e o MERS-CoV, de dromedários para humanos na Arábia Saudita.

Existem vários coronavírus que causam infecção animal, a maioria infecta apenas uma espécie ou algumas espécies intimamente relacionadas, como morcegos, aves, porcos, macacos, gatos, cães e roedores, entre outros. Segundo pesquisadores, alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal com secreções contaminadas. Porém, outros coronavírus não são transmitidos para humanos, sem que haja uma mutação. Na maior parte dos casos, a transmissão é limitada e se dá por contato próximo, ou seja, qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde ou membro da família que tenha tido contato físico com o paciente ou permanecido no mesmo local que o enfermo. É importante saber que há um período de incubação da variante do vírus estimada em duas semanas, que vai do tempo de exposição ao vírus até o início dos sintomas, e que neste período pode haver transmissão.

Sintomas – Embora alguns casos sejam assintomáticos, são sintomas da infecção com coronavírus casos de infecções de vias aéreas superiores semelhante ao resfriado e casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, com dificuldade respiratória. Crianças de pouca idade, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves. No caso do COVID-19, ainda não há relato de infecção sintomática em crianças ou adolescentes. Para identificar se uma pessoa foi infectada, são realizados exames laboratoriais que por biologia molecular identificam o material genético do vírus em secreções respiratórias. No caso dos infectados não há um medicamento específico, indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade com pneumonia e insuficiência respiratória, suplemento de oxigênio e ventilação mecânica podem ser necessários.

Precauções – Diante do quadro de incertezas e para proteger há algumas precauções contra a infecção pelo novo vírus, como por exemplo evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas; lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar; usar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar tocar nas mucosas dos olhos; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados.

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