O SEQUESTRO DO CABOCLO

Por Denisson Palumbo

Maior que 2 de Julho? Só Deus. Entre Deus e 2 Julho só o Caboclo, que não chora aos pés de poetas. Sequestraram seus versos de liberdade – e esses nunca foram livres; não confunda “verso livre” com “licença poética” -, esconderam suas cantigas por detrás de odes, hinos e poemas seculares. “O sequestro do Caboclo” na formação da literatura baiana é um caso a ser investigado. Intelectuais, sabichões e palpiteiros da “Triste Bahia”, animem-se. Na ida e na volta do Carro Triunfal foi que a literatura local deu os primeiros passos. Siga os rastros. O resgate do valor literário do que se canta no cortejo de 2 de Julho é fundamental: expressão autêntica da “aldeia nagô”, quem souber cantá-la será universal. Os versos sem cativeiro vão livrar a poesia da colonização das letras, mesmo que seja necessário sequestrar o português.

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