O EGUN DE JORGE AMADO

Por Denisson Palumbo

Quando alguém te convidar “pra subir no Adro da Fundação Casa de Jorge Amado”, veja bem, ele está por lá, um pouco vivo de tão morto, mas também vagueia no Largo e nas praças do Pelourinho, do Rio Vermelho; além das casas, em cada ilê e unzó, ele zanza, quase morto só para provar que viveu. Fantasma não é palavra própria para a presença sensível desse escritor. O egun de Jorge Amado mata o tempo nos livros de todos os santos. Mortos são como podres, todos sabem: a terra tem suas traças. A literatura não é imortal, os ancestrais, sim… e tem gente que não morre, vira ancestral. As letras mortas têm servido a quem sabe ler. No ilegível da vida, Jorge Amado faz mais sentido, como o silêncio no sereno.

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