Especialistas advertem para riscos da compulsão alimentar

A compulsão alimentar, causada quase sempre por ansiedade e estresse, pode desencadear problemas como obesidade, hipertensão, diabetes, depressão, dentre várias outras comorbidades .

Quem nunca atacou a geladeira mesmo sem fome ou logo após uma refeição? Ter episódios de vontade de comer motivados pela ansiedade é comum, o problema é quando esse comportamento se torna frequente e a pessoa passa a comer descontroladamente, ingerindo alimentos em grande quantidade, sem parar, num curto intervalo de tempo, de forma rápida, impulsiva, gerando tristeza e culpa logo depois. Quando isso acontece pelo menos uma vez por semana ao longo de três meses, essa pessoa pode sofrer de Transtorno Compulsivo Alimentar (TCA), um transtorno psicológico de origem multifatorial, que faz com que o indivíduo coma exageradamente mesmo já estando saciado. “A pessoa que sofre de compulsão alimentar não consegue parar de comer, mesmo sem fome, come de forma descontrolada até passar mal”, explica o médico Erivaldo Alves, diretor do NTCO (Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade).

Vários são os fatores que podem desencadear compulsão alimentar: genética, fatores endócrinos (hormonais), dietas altamente restritivas, ansiedade, estresse, insatisfação com o próprio corpo e baixa autoestima, traumas, perdas e situações que gerem aflição e angustia.

É importante diferenciar a fome física da vontade de comer. A fome é uma necessidade do organismo de ingerir alimentos (energia) para se manter funcionando já a vontade de comer é uma espécie de “fome emocional”, um desejo de comer para descontar a ansiedade na comida, quando a pessoa come para suprir as emoções. “O alimento dá ao compulsivo a sensação de conforto, é uma espécie de compensação e alivio para lidar com suas emoções”, afirma o psicólogo Hélder Farias, da equipe do NTCO.

É importante estar atento aos sintomas da compulsão e buscar ajuda especializada antes que o transtorno se agrave e acarrete outros problemas à saúde, como obesidade, bulimia, colesterol alto, depressão, hipertensão e diabetes tipo 2. Comer demasiadamente até ficar empanturrado e passar mal, comer o dia todo, comer sem fome e rápido, sentir-se impotente diante da comida, comer escondido e comer como válvula de escape para o estresse são sintomas de compulsão. Geralmente, quem sofre do transtorno também é tomado por sensações de culpa, tristeza e vergonha após cada episódio compulsivo.

Como lidar com a compulsão

O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar é fundamental para o tratamento da compulsão alimentar. O paciente precisa ser assistido por médico (endocrinologista, nutrólogo, psiquiatra), nutricionista e psicólogo. A terapia ajuda a trabalhar o autoconhecimento e a autoestima, o paciente compulsivo precisa aprender a buscar satisfação de outras formas, a gerir suas emoções de modo mais saudável, e a lidar com a comida sem descontrole.

De acordo com os especialistas do NTCO, várias medidas podem ajudar no controle da compulsão: planejar as refeições, praticar atividade física regularmente, evitar alimentos industrializados, reduzir ou cortar o açúcar, abastecer a casa com alimentos saudáveis, dormir bem, beber muita água, não pular refeições, ingerir alimentos ricos em fibras, não abusar do consumo de sal, tirar o foco da comida e buscar outras atividades prazerosas.

“É importante observar o que está sentindo quando a compulsão aflora para identificar quais são os gatilhos emocionais e trabalhar essas questões”, afirma Hélder Farias.

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