Escritora premiada, Clarissa Macedo lança “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” na Tropos

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 escritora Clarissa Macedo, vencedora do Prêmio Nacional da Academia de Letras da Bahia, lança nesta quinta-feira (28), às 18h, na Tropos GastroBar, no Rio Vermelho, o seu mais novo livro O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição. O evento terá a participação especial do músico e compositor Gabriel Póvoas, mediação do poeta Alex Simões e participação de Ametista Nunes, Esmeralda Cravançola, Kátia Borges, Martha Galrão, Rita Santana, Ritta Cidhreira, Rosana Paulo, Tiago D. Oliveira e Wesley Correia. A entrada é gratuita.
Nascida em 1988, em Salvador, Clarissa teve uma estreia literária bastante marcante. Seu primeiro livro de poemas, Na pata do cavalo há sete abismos (publicado pela 7Letras em 2014 e reeditado pela Penalux em 2017), não só lhe conferiu um prêmio de relevância nacional (ALB-2013), como também projetou seu nome internacionalmente. Seguiram-se traduções de sua primeira obra ao espanhol (esta a cargo de Verónica Aranda, Editorial Polibea, Madrid, 2017) e ao inglês. Clarissa apresentou-se em eventos culturais em diversos países, do Peru à Polônia, de Cuba a Portugal. De fato, a poeta, doutora em Literatura e Cultura pela UFBA, já se coloca como um nome indispensável ao dinâmico panorama da literatura brasileira contemporânea. Nada à toa: sua poesia é insólita, impactante, original, rigorosa.
Seu novo livro, “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” – que, recomenda Marcia Tiburi, prefaciadora da obra, é precido ler “cada palavra, cada frase, cada verso, cada poesia, leia tudo, do começo ao fim, leia muito, leia quantas vezes achar necessário, leia de novo, em silêncio, em voz alta, para si, para os outros, até que alguma coisa dentro de você acorde no meio desse livro.” –, é bastante diferente de sua obra de estreia, no entanto, embora as duas produções estejam irmanadas pela mesma grandeza poética. Se em Na pata do cavalo… predominavam tempos de sonho e pesadelo, imagens simbólicas e atemporais e ambiências universais, de melancolia intimista e algo religiosa (como conferimos no poema Aceno: “lâmina afiada / dobrada no peito / fenda aberta / onde escapam / deuses / Lua que derrama / um deserto de agulhas” […]) em o Nome do mapa…, por outro lado, os cenários são muito mais calcados no cotidiano nacional, num tempo neoliberal e de opressão política. O shopping, o supermercado, a fila do (des)emprego: “Na fila de emprego / me deram uma vara de pescar. / Contrariando as profecias / não conquistei o universo. / Não havia isca / não havia lago / não havia nada […]” podemos ler, em Pescaria. Ou, ainda, em Lampejo: “quando navego nos itens do supermercado / no afago de suas prateleiras / sinto como se a guerra fosse aqui […]”. Só que a poeta, apesar de dar vazão a essa latência da práxis, não abandona toda a polissemia revelada em sua primeira obra. O mistério e o claro enigma metafórico de seus versos se revelam em construções como “cúpula do nunca”, “sou uma tripa de pedras”, “este lixo químico / que a família despejou no rol de entrada”, entre outros. Já a segunda parte do livro atualiza o gênero épico, traçando um panorama de alto teor estético, e necessário à formação da consciência crítica, sobre a violência patriarcal que constituiu o Brasil colônia, e ainda o atravessa atualmente, no discurso de mitos ditatoriais endêmicos de nossos tempos.
Não se pode falar em evolução ou amadurecimento no caso de uma grande poeta. Ela sempre tem sido grandiosa, desde suas primeiras linhas. Pode-se dizer, porém, que “O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição” tem uma urgência de palavra-ação, no sentido de tempo do agora, do Jetztzeit de Walter Benjamin, que torna sua leitura absolutamente imprescindível, e para ontem. Como diz Manuela d’Ávila, que colabora com a obra: Clarissa Macedo é resistência amorosa ao Brasil colônia de 2019.  Compõem a obra, ademais, textos de Alex Simões e Carlos Moreira.
Serviço:
O que? Lançamento do livro O nome do mapa e outros mitos de um tempo chamado aflição, de Clarissa Macedo
Quando? 28 de novembro, a partir das 18h
Onde? Tropos GastroBar (Rua Ilhéus, 214, Parque Cruz Aguiar, Rio Vermelho, Salvador)
Quanto? Gratuito
Mais informações? Facebook: https://www.facebook.com/clarissa.macedo.7; Instagram: https://www.instagram.com/clarissammacedo/?hl=pt-br; ou pelo e-mail: clarissamonforte@gmail.com

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