A Outra Companhia de Teatro chega ao fim com o espetáculo Última Chamada

ÚLTIMA CHAMADA. Seis corpos. Malas. Bagagens. Cargas. Partidas. Chegadas. Fins. A partir do fragmento narrativo, do recorte cênico, do rastro da memória, calcados no teatro documentário, última e mais recente montagem d’A Outra Companhia de Teatro reflete sobre os fins: o que tem nos levado a sucumbir?. O que levamos do tempo e do mundo?. O que te faz não esquecer de mim?.
Em cartaz de 21 de novembro a 08 de dezembro – quinta a sábado, 20h, e domingo, 19h, no Teatro Goethe Institut, a peça propõe uma reflexão sobre a contemporaneidade, a memória e a finitude das coisas, das relações, das instituições, do teatro, do grupo, da humanidade, da vida. A montagem mostra uma sociedade em que gerações ou qualquer outra categorização social estão em processo de falência, em que “sorrir é um ato de resistência” e que estamos sempre “a espera do milagre”.
Com provocação cênica de Thiago Romero, ÚLTIMA CHAMADA é uma sala de embarque que nos leva a um vôo panorâmico das hierarquias sociais, da violência que fere princípios de fraternidade, afetividade e justiça. Ao mesmo tempo é um porão de cargas onde malas são histórias, pessoas, pedaços de um espaço-tempo em trânsito, o próprio presente que é consequência de um passado e causa de um futuro. Uma metáfora da caixa preta em que se consta todas as informações.
A dramaturgia de Luiz Antônio Sena Jr. propõe ainda estratégias de não sucumbir. “Temos vivido um tempo cada vez mais acelerado, as histórias são contatadas em stories, no time da curtida. Pelo celular, tomamos conhecimento de centenas de histórias a cada dia. Diante disso, proponho personagens-instantes, com histórias que se encerram em um parágrafo, um depoimento, uma confissão, um ação, um encontro, um brinde. No entanto, são carregados das urgências de agora”, aponta Luiz.
Categorizações/Guetos/Classes sociais. Homossexualidade. Feminismo Negro. Racismo. Fim das relações humanas. Intolerância religiosa. Tecnologia. Redes sociais. “Quem segura a mão de quem?”. Direitos humanos. É neste lugar onde malas e pluralidades são evidenciadas que a dramaturgia fragmentada de Luiz Antônio Sena Jr torna-se um brinde ao “… fim eminente” desta Companhia, convocando a um futuro onde todos “estejamos juntos”.
ÚLTIMA CHAMADA nos leva ainda a uma suspensão para compreender o ponto de chegada que é o ultimo ato de um grupo com 15 anos de história. Ato em que público, instituições governamentais, empresariais e operários desta composição cênica – Anderson Danttas, Eddy Verissimo, Israel Barreto, Luiz Antônio Sena Jr, Luiz Buranga e Roquildes Júnior – são responsáveis pela emissão e recepção da mensagem.
Para o ator Roquildes Júnior, que também assume a direção musical, ÚLTIMA CHAMADA tem um caminho dramatúrgico próximo ao espetáculo Ruína de Anjos, “em que passamos a falar do mundo, especificamente do Politeama, para chegarmos a nós. Está tudo tão dividido que perguntamos: ‘Em que ponto a gente se encontra? Em que ponto essa distância se anula?’ Nesta última obra falaremos de um contexto econômico e social do nosso país que tem nós levado a sucumbência”.
A respeito da musicalidade da obra, Roquildes Júnior antecipa que ela tem uma camada mais metálica, rasgada e que versa com a música eletrônica. “A música em ÚLTIMA CHAMADA tem um caráter dramatúrgico. Ela é parte intrínseca da obra. Dialoga com o todo, com os timbres dos atores e a dramaturgia de Luiz, com tudo que está na cena, com a paleta de cores, com essa sala de embarque que é cheia de ruídos. A peça tem uma violência que a música chega nesse lugar, mas tem também lirismo”, acrescenta.
ÚLTIMA CHAMADA tem figurino assinado por Luiz Santana. O cenário é uma criação de Lorena Torres Peixoto. O desenho de luz é de Luiz Antônio Sena Sena Jr. Além de marcar o fim do grupo, este ultimo ato marca também o encerramento do projeto ENXERGUE! sonhos, memórias e declarações d’A Outra Companhia, selecionado pelo Edital de Apoio a Grupos e Coletivos Culturais do Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) de 2016.
Serviço
O quê: ÚLTIMA CHAMADA
Quando: 21 de novembro a 08 de dezembro – quinta a sábado, 20h, e domingo, 19h
Onde: Teatro Goethe-Institut – Corredor da Vitória
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia)
Venda: Bilheteria do teatro ou antecipadoa no link- https://www.sympla.com.br/eventos/salvador-ba?s=%C3%BAltima%20chamada

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