Apropriação do Rio dos Macacos será o tema da live

O jornalista Josias Pires e a produtora Marcela Costa serão entrevistados nesta quinta-feira (13), às 19h, nos canais do Sinjorba, no Facebook e no YouTube.

O apagamento da história tendo como base, a análise do documentário sobre o Quilombo Rio dos Macacos, será o tema da live apresentada pela jornalista e historiadora Andrea Truss e mediada pelo advogado e petroleiro, Jailton Andrade.

Jailton Andrade

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Mestre em Artes Cênicas e Doutor em Cultura e Sociedade, Josias Pires dirigiu dois filmes sobre o Quilombo Rio dos Macacos: o curta, em 2011 e o longa-metragem, em 2017. A produtora Marcela Costa foi responsável pelo planejamento e pela execução de todas as ações que viabilizaram o documentário.

O documentário sobre o Quilombo Rio dos Macacos, dirigido por Josias Pires, retrata o sofrimento dos quilombolas no processo de conquista do território. O movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre aconteceu a partir da resistência e da autonomia a um regime escravocrata que vigorou no Brasil por mais de 300 anos e só foi abolido formalmente em 13 de maio de 1888. Mas, a existência e os direitos dos quilombolas só foram reconhecidos 100 anos após a abolição da escravatura. Isso porque a população negra continuou excluída do processo social.

Andrea Truss

A Legislação

Em 1988, como forma de reparar uma injustiça histórica cometida pela sociedade escravocrata brasileira contra o povo negro, a Constituição, no artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), assegurou às comunidades remanescentes, o direito à propriedade de seus territórios coletivos.

Entretanto, a titulação do Quilombo Boa Vista, considerada a primeira, só ocorreu sete anos após a promulgação do decreto, em novembro de 1995. Os quilombolas do Rio dos Macacos depois de longa batalha jurídica, finalmente, conseguiram ter a área demarcada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em 2019, 31 anos depois de assegurada a posse da terra pela Constituição Federal.

Através dos artigos 215 e 216, as comunidades quilombolas também tiveram garantido o direito à manutenção e a manifestação da cultura afro-brasileira, além dos bens de natureza material e imaterial (os modos de criar, fazer e viver). O território representa a história, a identidade, a conquista da liberdade do povo quilombola, e deve, portanto, permanecer como herança para os seus descendentes.

Ao assegurar o direito dos quilombolas à terra, a Constituição também preservou a sua organização social específica, quando definiu que o Poder Público deve respeitar as formas que a comunidade utiliza para ocupar e cuidar da terra, já que ela não é concebida como uma mercadoria que pode ser dividida e comercializada, como ocorreu com o Quilombo Rio dos Macacos. Além da Marinha do Brasil ter ficado com a maior área do território, proibiu os quilombolas de acessar o rio.

Marcela Costa

O apagamento da história preta em favor da branca

As comunidades quilombolas estão localizadas em várias regiões do Brasil. Dados do governo brasileiro atualizados neste ano, indicam que existem 3.471 comunidades quilombolas distribuídas por todas as regiões do país, desde o Sul do Brasil até a Amazônia. Mas, elas correm o risco de serem dizimadas e terem as suas terras usurpadas.

A história do Brasil é uma história de apagamento. Desde o genocídio indígena, que começou em 1500; desde que a população africana veio para o Brasil para ser escravizada. Muitos livros ainda perpetuam a falsa ideia de que o Brasil foi descoberto pelos europeus, como se os índios não existissem. A ideia é invibilizar a história desses povos para institucionalizar a opressão racializada e naturalizar a violência. Ninguém conhece o que não é mencionado. A visão europeia do racismo científico de que os pretos não têm história molda a estrutura institucional sobre a qual o governo brasileiro foi construído.

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