Por Denisson Palumbo
O Caribe não é de fato feito por fronteiras, não é uma realidade geográfica, cercada de mar por todos os lados, senão uma encruzilhada histórica e cultural muito maior. Jorge Amado está para Gabriel García Márquez como Gerônimo Santana está para Rubén Blades: todos contadores de história. Na literatura, se um conto começa a se alongar vira romance; na música, as canções longas saem do compasso publicitário. A história surpreendente de “Pedro Navaja” ultrapassa o espaço-tempo; na versão contada por Gerônimo, Exu traz a mensagem, a mesma que trouxe o bêbado na boca de Rubén Blades: “La vida te da sorpresas”. Procure saber e saiba onde procurar. A crônica cantada é uma arte que não é refém de refrões, não desafina para pedir: “canta comigo”; “mão pra cima”; “sai do chão”; rejeita palavras de ordem, senhas do cofre do triunfo, tributos aos deuses que não dançam. Uma surpresa na encruzilhada é o sucesso (hit ou viral) de ontem, que o artista ainda vai compor aqui-agora.