Dois importantes eventos internacionais da Matemática terão a UFBA como sede nos meses de julho e agosto. Tratam-se das conferências internacionais sobre Grupos de tranças, espaços de configuração e teoria de homotopia, entre 23 e 27 de julho, e sobre Sistemas dinâmicos e tópicos relacionados, de 13 a 17 de agosto, que acontecerão no Instituto de Matemática e Estatística.
As duas reuniões de especialistas nesses temas integram os cerca de 45 chamados “eventos satélite” do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), realizado a cada quatro anos, que neste ano acontece no Brasil, entre 1 e 9 de agosto, no Rio de Janeiro. Os eventos satélite acontecem no país do evento (e às vezes em países vizinhos, como a Argentina e o Uruguai, na edição deste ano), e são importantes porque, ao reunir os principais especialistas de cada uma das subáreas da matemática, promovem os grandes encontros e os debates mais aprofundados que garantem a vitalidade científica do principal congresso mundial da área.
Os grupos de tranças mobilizam um universo de problemas em torno das infinitas possibilidades de combinação de linhas que partem de um ponto a outro, num espaço e tempo determinados, respeitando determinadas regrinhas técnicas – como, por exemplo, não se cruzarem e não retrocederem. A analogia mais simples é a trança de cabelo, mas as equações encontradas podem servir para orientar a programação de robôs ou entender o comportamento de partículas em explosões solares, entre outros exemplos.
Os sistemas dinâmicos compreendem uma área multidisciplinar da matemática, que surge da tentativa de entender a dinâmica dos fenômenos físicos. A área teve origem em problemas da física, da mecânica celeste e da biologia, principalmente, e hoje tem temas de estudo próprios e constitui uma área muito abrangente. Tornou-se conhecida pelo grande público através da “teoria do caos”: em 1972, o matemático Edward Lorenz escreveu um artigo intitulado “Poderia um bater de asas de uma borboleta no Brasil, causar um tornado no Texas?”, em que salientava que pequenas mudanças nas condições iniciais de um sistema dinâmico podem levar a mudanças drásticas nos resultados a médio e longo prazo.
Coordenador do encontro sobre grupos de tranças, o professor do Instituto de Matemática da UFBA Oscar Ocampo enfatiza a importância da realização desses eventos na UFBA, uma vez que, dos cerca de 45 eventos satélite, apenas três acontecerão no Nordeste – além dos dois na Bahia, o terceiro acontece na Universidade Federal do Ceará. “A UFBA e Salvador têm totais condições de sediar eventos desse porte, e isso tem que acontecer cada vez mais, porque dá visibilidade internacional à Universidade”, diz Ocampo, colombiano radicado na Bahia e professor da UFBA há quatro anos.
A ideia de trazer o evento satélite de sua área para a UFBA surgiu justamente há quatro anos, quando Ocampo, recém contratado para ser o primeiro professor de topologia algébrica (uma subárea dos grupos de tranças) do instituto, percebeu, ao participar da última edição do ICM, na Coréia do Sul, que uma candidatura baiana não seria impossível. Ao longo de 2015, ele conseguiu aglutinar alguns dos principais pesquisadores da área no Brasil e no mundo em torno da ideia, e conseguiu o aval da organização do evento mundial ainda em 2016.