Lúpus: o que você precisa saber sobre a doença

Imagine se o seu corpo começasse, de forma oculta, lenta e gradual, a apresentar um conflito interno em que algumas células agridem outras células. Isso é o que acontece no organismo de quem é portador de doenças autoimunes, que afetam cerca de 7% da população mundial. Uma delas – são mais de 30 catalogadas – é o Lúpus, preocupante, principalmente, em lugares com longos períodos de sol. É o caso de Salvador.

O Lúpus é uma doença inflamatória crônica sistêmica que provoca inflamação em vários tecidos e células do corpo, como pele, articulações, juntas, rins, e até mesmo no sistema nervoso. Pessoas acometidas apresentam uma disfunção no sistema imunológico, que é responsável por combater microrganismos invasores, como bactérias, vírus e fungos.

Quem sofre com a doença vive uma espécie de guerra interna: o sistema imune confunde células, tecidos e órgãos próprios com invasores que devem ser combatidos. As mulheres correspondem a 90% das ocorrências. Geralmente, a doença se manifesta entre 15 e 45 anos. Isso porque o estrógeno, hormônio feminino produzido nos anos reprodutivos, é considerado um catalisador do Lúpus.

Em uma cidade tropical como Salvador, a atenção deve ser redobrada. Isso porque um dos fatores que podem desencadear ou piorar a doença é a exposição à radiação solar. “Uma combinação de fatores ajuda no diagnóstico, mas a fotossensiblidade pode sugerir que pessoa tenha a doença. Há quem manifeste o Lúpus após mínimas exposições à luz do sol, apresentando lesões intensas na pele. É importante não ignorar esses sinais e procurar assistência médica”, destaca o assessor médico em imunologia e reumatologia do Fleury Medicina e Saúde, Luís Eduardo Coelho Andrade.

Sintomas e complicações – De acordo com o Dr. Luís Eduardo, os sinais e sintomas mais frequentes do lúpus são manchas vermelhas em várias regiões da pele, reação desproporcional de muita vermelhidão após pequenas exposições ao sol e dores e inchaço nas articulações. Cerca de 50% dos pacientes pode ter comprometimento dos rins, que pode ser silencioso ou se manifestar com urina muito espumosa, pressão alta e inchaço generalizado. Outras manifestações da doença incluem anemia, redução dos níveis de plaquetas no sangue, sintomas neurológicos e psiquiátricos.

Entre as complicações possíveis estão derrames cerebrais, ataques epiléticos, convulsões e paralisia de nervos periféricos.  Problemas renais e cardíacos também podem ser recorrentes em quem desenvolve a doença.

Prevenção e tratamento – Não se conhece uma forma de prevenir, mas é possível, sim, amenizar e controlar a doença. O controle do lúpus inclui medidas gerais, como evitar a exposição solar, ter alimentação equilibrada, boas horas de sono, evitando o estresse emocional excessivo, e manter atividade física moderada e regular. É fundamental o acompanhamento médico, preferencialmente com um reumatologista. Exames de rotina, como hemograma, sumário de urina, pesquisa de proteínas na urina de 24 horas, creatinina e ureia sérica (capazes de avaliar a função renal), são importantes não só para o diagnóstico, mas também fundamentais para o acompanhamento. Há também os exames imunológicos, que avaliam a presença e a natureza de anticorpos presentes no organismo, e que também ajudam no diagnóstico e monitoramento.

“O Lúpus não tem cura e é preciso ter atenção, pois é comum haver o período que chamamos de inatividade, no qual a doença aparenta ter adormecido. É importante ressaltar que, com o acompanhamento médico rigoroso e obediência ao tratamento, é possível ter uma vida normal, sem necessidade de alterações nos planos familiares, profissionais e pessoais. Consultas e exames devem estar sempre em dia e o tratamento deve ser seguido à risca, da maneira como foi prescrita”, alerta Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade.

Mais e mais, tem surgido uma crescente variedade de medicamentos com capacidade de controlar e modular o sistema imunológico, de modo a melhorar os sintomas e sinais, bem como influenciar favoravelmente o curso da doença. 

Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre a doença: [su_youtube url=”https://youtu.be/l8Yme8JjMVM”]

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