Jailton Andrade
A deputada estadual Olivia Santana (PCdoB) emitiu nota nesta quarta-feira, 02, contra declarações do Prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que reafirmou o modelo proposto para o Réveillon de Salvador, mesmo sobre protestos dos artistas baianos e de movimentos sociais.
O evento, que foi apresentado pelo prefeito numa coletiva na semana passada, será ON LINE e transmitido ao vivo pelas principais emissoras abertas do país. Dentre as atrações está o cantor Gustavo Lima, cujo contrato informado será de R$ 1,5 milhão. A LIVE será transmitida de uma estrutura montada sobre o Forte de São Marcelo, de costas para a cidade de Salvador.
Os artistas baianos e a sociedade civil questionam o modelo adotado. “A prefeitura se empenhou em conseguir patrocinadores privados para eles, mas por que não incluiu artistas negros no réveillon da maior cidade negra fora da África?”, questiona Olivia.
O presidente estadual da Unegro, Eldon Neves, afirmou que “o modelo adotado para a passagem de ano em Salvador é assustador. Além de atrações brancas que nem tem o sangue da Bahia, será montado na estrutura de um monumento do século XVII, tombado pelo IPHAN e único no país numa festa para as grandes lanchas apenas”. Para ele o gasto é desnecessário diante da pandemia do COVID-19: “Qual é, afinal, o motivo do evento milionário, comemorar 174 mil mortes?”.
A deputada pcdobista protestou contra uma fala do prefeito que teria minimizado os protestos contra o evento: “O resto é dor de cotovelo, o resto tem inveja, o resto são pessoas que pensam pequeno e torcem contra a cidade”
Leia a nota de Olivia Santana na íntegra:
Não, prefeito ACM Neto, os artistas de Salvador, que estão reclamando do modelo elitista que você definiu para o réveillon, não estão com inveja nem dor de cotovelo. Eles são profissionais que vivem do fruto do seu próprio trabalho e devem ser respeitados por quem governa esta cidade.
Ivete e Gustavo Lima, que vão receber cachês de 1 milhão, são nomes consagrados, mas não os únicos que merecem atenção e investimentos do poder público. A prefeitura se empenhou em conseguir patrocinadores privados para eles, mas por que não incluiu artistas negros no réveillon da maior cidade negra fora da África?
BaianaSystem, Margareth Menezes e Olodum, só para citar alguns nomes, também são atrações nacionais e internacionais que agradam, sim, ao público. Há formas de incluí-los no modelo de evento que será transmitido pela TV e pelas redes sociais.
Quem discorda do seu projeto de festa, é porque não está se vendo no espelho de negação de imagens e talentos que você construiu. Quem discorda não tem inveja ou dor de cotovelo, como você diz de forma rasa e desrespeitosa. Quem discorda é porque valoriza a diversidade, torce pela cidade e quer mais oportunidades para quem vive de arte, principalmente nestes tempos em que há uma tragédia humanitária, causada pela pandemia, que aprofunda a exclusão socioeconômica em Salvador e no Brasil.
Reveja seus conceitos, prefeito. Os artistas de Salvador, merecem respeito!