Pesquisas realizadas pelo Sebrae desde o anúncio da pandemia do coronavírus, mostram que a crise econômica atingiu em cheio os pequenos negócios em praticamente todos os setores da atividade econômica; mas foi especialmente prejudicial para as mulheres empreendedoras. Segundo estudo feito pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, as mulheres foram mais afetadas pela crise (52% paralisaram “temporariamente” ou “de vez” suas atividades, contra 47% nos homens). Além disso, a proporção de empresárias com dívidas em atraso (34%) é maior que a encontrada entre os homens (31%).
O último levantamento feito pelo Sebrae entre os dias 30 de abril e 5 de maio, mostra que nos empreendimentos liderados por mulheres há, em média, há 3 pessoas ocupadas (os homens à frente de negócios têm – em média – 4 pessoas ocupadas). Na mesma medida, as mulheres demitiram menos. Aquelas que demitiram, dispensaram 2 pessoas em média. Enquanto entre os homens que demitiram, dispensaram 3 funcionários, por força das perdas provocadas pela pandemia. O levantamento do Sebrae e FGV mostrou ainda que as mulheres utilizaram um pouco mais a suspensão do contrato de trabalho (31%) do que os homens (27%).
Acesso a Crédito
A dificuldade de acesso a crédito enfrentada por empresárias, já identificada em outras pesquisas do Sebrae, se torna ainda mais evidente no momento da crise. 44% das mulheres donas de negócio entrevistadas afirmaram nunca terem buscado um empréstimo bancário, contra 38% dos homens. E desde o início da pandemia, apenas 34% das mulheres, de fato, já buscaram empréstimos (contra 41% dos homens). Essa tendência se confirma no dado de que, nessa crise, as mulheres pretendem pedir menos empréstimos que os homens (54% contra 64% dos homens).
Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, os dados revelados pelo estudo, confirmam a importância de compreender a realidade e as necessidades específicas das mulheres que empreendem no Brasil. “Embora as empresárias possuam uma média de escolaridade 16% superior à dos homens e estejam cada vez mais na posição de chefes de domicílio, elas continuam ganhando cerca de 22% a menos. No mesmo contexto, apesar de apresentarem uma taxa de inadimplência menor (3,7%) que os homens (4,2%), as mulheres donas de negócios acabam pagando juros maiores (35%) do que os homens (31%)”, comenta Carlos Melles.
Adaptação ao digital
Durante a crise, segundo o levantamento, as mulheres estão buscando mais soluções digitais que os homens para continuar funcionando (34% contra 31%) e avançaram mais que os empresários do sexo masculino no sentido de implementar as vendas on-line.
O estudo do Sebrae revelou ainda que as mulheres estão ligeiramente mais otimistas que os homens sobre quanto tempo vai demorar para a economia voltar ao normal, após a pandemia (10 meses contra 11 meses no caso dos homens).
Números da Pesquisa
- As mulheres foram mais afetadas pela crise (52% fecharam “temporariamente” ou “de vez” contra 47% nos homens)
- Em média, as mulheres precisam 14% a menos que os homens para manter seu negócio sem fechar (R$12,4 mil contra R$ 14,5 mil nos homens)
- As mulheres buscam mais soluções digitais que os homens para continuar funcionando (34% contra 31%)
- As mulheres caminharam mais (que os homens) para vendas on-line.
- Os homens buscaram mais (que elas) gerenciar as contas pelo app do banco
- No empreendimento delas, em média, há 3 pessoas ocupadas (no deles 4 pessoas ocupadas)
- As mulheres tiveram que dispensar 2 pessoas, em média, por causa do Covid-19 (os homens demitiram 3 pessoas)
- As mulheres utilizaram um pouco mais a medida da suspensão do contrato de trabalho (31%) do que os homens (27%)
- Empréstimos sem juros (59%) e auxílio temporário para subsistência (55%) seriam as medidas mais demandadas pelas mulheres para compensar a crise
- As mulheres costumam procurar menos empréstimos que os homens (44% nunca buscou contra 38% dos homens)
- Nessa crise, as mulheres pretendem pedir menos empréstimos que os homens (54% contra 64% dos homens)
- Só 34% das mulheres, de fato, já buscaram empréstimos (contra 41% dos homens). Em ambos os casos, a maioria que buscou, foi a bancos, mas poucos conseguiram (perto de 5% na média dos dois gêneros)
- A proporção de mulheres com dívidas em atraso (34%) é maior que a encontrada entre os homens (31%)
- As mulheres estão ligeiramente mais otimistas que os homens sobre quanto tempo vai demorar para a economia voltar ao normal (10 meses contra 11 meses no caso dos homens).