Para os pais, preocupação com a família não leva em consideração o cuidado com a própria saúde

60% dos homens procuram o médico quando doença está em estágio avançado
 
Da Redação
Em agosto se comemora o Dia dos Pais e uma das principais preocupações deles é proteger e dar uma boa qualidade de vida para seus filhos e família. Contraditoriamente, alguns dos genitores não cuidam da própria saúde, por isso estão mais suscetíveis a doenças e podem acabar deixando a família sem apoio. A falta de cuidados com a própria saúde e o estilo de vida dos homens os torna mais vulneráveis às diversas doenças graves e crônicas, em especial a obesidade, doenças cardiovasculares, problemas gástricos, câncer de próstata e doenças relacionadas ao tabagismo (como câncer de pulmão, bronquite e enfisema). Segundo levantamento realizado com pacientes do Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 60% do total de pacientes chegam ao hospital com quadros considerados avançados.
Para a psicóloga Bruna Almeida, da Center Cardio, ainda existe uma falsa ideia na sociedade de que os homens não precisam cuidar da saúde, pois ficam pouco doentes. “Os pais que fazem o impossível por seus filhos, às vezes, não se dão conta que quando não cuidam da própria saúde, estão expondo sua família a muitos problemas na eventualidade de terem uma doença grave, crônica ou mesmo se acabarem falecendo.”
Exame tabu – O toque retal ainda pode ser  fonte de vergonha ou ameaça à virilidade de alguns homens. Entretanto, a palpação da próstata associada a exames laboratoriais constituem a etapa inicial da pesquisa do câncer deste órgão. O toque é habitual na rotina do médico urologista e dura cerca de 20 segundos. O urologista Ricardo Souza, da Clínica Clivale do Salvador Shopping, comenta que 62 mil casos de câncer de próstata são detectados anualmente no Brasil e que cerca de 1 em cada 8 homens apresentará a doença. “O importante é realizar o diagnóstico adequado e personalizar a conduta diante do diagnóstico”. Homens a partir dos 50 anos devem iniciar avaliação, porém, para aqueles com histórico familiar da doença ou de etnia negra, tem recomendação de começar o rastreamento mais cedo.
De acordo com dados do IBGE, homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que mulheres e apresentam maior incidência de certas doenças, como as cardiovasculares (infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral estão entre as principais causas de morte no Brasil). “A maior incidência dessas doenças é entre os homens e os fatores de risco incluem pressão alta, obesidade e alguns hábitos relacionados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo exagerado de álcool e sedentarismo”, confirma a cardiologista Mariana Brito, da Clínica Center Cardio.
Sedentarismo e má alimentação – Um dos principais vilões da saúde, o sedentarismo aumenta consideravelmente o risco de doenças que afetam a qualidade de vida. A prática de atividades físicas ou esportes como futebol, basquete e ciclismo pode melhorar o condicionamento físico, a capacidade cardiorrespiratória e a força muscular, fortalecer as articulações e músculos e auxiliar no controle do peso. O excesso de comida ultraprocessada e refeições pobres em nutrientes e ricas em gordura, sódio e açúcar podem trazer consequências graves para o organismo, como o aumento do risco de diabetes e hipertensão. Esses são fatores de risco também para doenças oftalmológicas, comenta o oftalmologista Marcos Vale, da Clínica Colin, que ressalta ainda “A Diabetes descontrolada, pode afetar também os vasos dos olhos, causando a retinopatia diabética e se a doença não for tratada no estágio inicial o problema pode se agravar, levando a importante baixa de visão”. A hipertensão também pode causar a retinopatia hipertensiva, quando a retina passa a não receber sangue adequadamente. “O exame de fundo de olho deve ser feito, pelo menos, uma vez por ano”, alerta Vale.
Cigarro e álcool – Uma dupla perigosa para a população masculina: o cigarro e o abuso de bebidas alcoólicas são fatores de risco associados a diversos problemas de saúde que afetam, em sua maioria, os homens. O hábito de fumar está relacionado a mais de 50 doenças, entre elas impotência sexual, úlceras, infecções respiratórias, AVCs e enfisemas. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode comprometer o coração, o fígado e até o cérebro, além de aumentar o risco de acidentes de trânsito. O cirurgião de cabeça e pescoço e professor da Faculdade de Medicina da UFBA, Marcus Borba, alerta que o hábito de beber e fumar em grandes quantidades aumenta em até 20 vezes o risco de surgir um câncer de boca e/ou de garganta.
Os diversos especialistas são unanimidade em ressaltar a importância de se fazer as consultas de rotina e do check up periódico. Assim, muitas doenças poderiam ser prevenidas,  descobertas no início e os tratamentos seriam mais eficazes. A resistência dos homens em procurar um médico mesmo quando apresentam algum sintoma é um dos principais desafios relacionados ao atendimento da saúde masculina. Em muitos casos, os homens vão ao médico por influência de mulheres, que cobram um cuidado maior com a saúde.

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