Às margens do Rio Paraguaçu, na cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano, surgia no final dos anos 50 um trio vocal que marcaria a história da música afro-brasileira. Temas, conceitos e cantos de religiões de matriz africana eram interpretados pelos Os Tincoãs com perfeita harmonia vocal, em uma sonoridade enraizada, mas bastante sofisticada. Mais de 15 anos após o fim do grupo, os Tincoãs têm sua obra revisitada em dezembro de 2017 sob a narrativa de Mateus Aleluia, um de seus membros e compositor de muitos sucessos.
A trajetória do grupo será relembrada em um projeto com múltiplas linguagens, patrocinado pela Natura por meio do Natural Musical, que contempla lançamento de livro de memórias, show comemorativo no dia 6 de dezembro, no Teatro Castro Alves, em Salvador, e o relançamento dos três principais discos do grupo em versão física. Pela primeira vez, após 40 anos do lançamento do último álbum, os Tincoãs terão CDs dos álbuns: Os Tincoãs (1973), O Africanto dos Tincoãs (1975) e Os Tincoãs (1977).
“O inovador dos Tincoãs é a temática. A quebra de paradigmas dentro da música popular brasileira. Essa questão de trazer à baila o candomblé, a identidade de uma forma digerível, talvez tenha sido o grande diferencial. E trazido de uma forma harmônica. O candomblé deixou de ser apenas uma música exótica. Passou a ser vista também como música de conservatório”, resume Mateus Aleluia.