NATA estreia OXUM dia 11 de outubro no Teatro Vila Velha

Onde está o seu poder? Onde você seca? Conta um itan africano que através de um levante organizado e liderado por Oxum, às mulheres foram convocadas a secar o mundo, deixando-o infértil e desequilibrado. Para que todos compreendessem a importância das mulheres na concepção e organização do mundo.

“A revolução social é feminina e chegou a hora da Mulher Negra falar de si, por si e sobre si. Oxum é um espetáculo de poderamento feminino negro, onde a mulher Negra contemporânea é convocada a buscar o seu poder”, declara Onisajé (Fernanda Júlia), diretora artística do Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA), que estreia no próximo dia 11 de outubro, no Teatro Vila Velha, a nova montagem OXUM, às 20h.

A homenagem a essa Yalodê – cargo dado a mais importante entre todas as mulheres da cidade – fica em cartaz até o dia 21 de outubro – de quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, 19h. Em novembro, o espetáculo que também tem direção do coreógrafo Zebrinha e dramaturgia de Daniel Arcades volta para mais quatro apresentações de 22 a 25, nos mesmos dias e horários. A montagem marca os 20 anos do NATA.

O espetáculo não é só uma biografia, mas uma investigação para expor características de Oxum que não são faladas. Atributos presentificados em personagens atuais: uma linguista, pagodeira, entre outras.

Na dramaturgia aparecem quatro qualidades de OXUM: Opará – Justiceira e guerreira; Okê ou Loke – caçadora; Abotô ou Yaboto – é a origem de Oxum, relacionada ao parto e ao nascimento e ao encantamento; e Ijimu, a feiticeira e senhora da fecundidade.

Faz-se ainda referência as Yami, mãe ancestral, síntese e geratriz do poder feminino. Na poética do Nata, cada Oxum é interpretada pela atriz que tem o arquétipo correspondente a qualidade. Para escolher essas qualidades, a voz – o lugar de fala – das atrizes se tornou algo importante. Oxum é um mergulho no autocuidado entre mulheres negras.

Para Oxum, o NATA convidou mais três atrizes – Fernanda Silva, Ive Carvalho e Tatiana Dias -, que foram selecionadas através de audição. Fazem parte do elenco os integrantes do grupo: Fabíola Nansurê, Antônio Marcelo, Daniel Arcades, Thiago Romero – que assina a direção de arte – e Nando Zâmbia, que assina a iluminação e a coordenação técnica da peça. Para completar o quadro de interpretes, o grupo traz a cantora Joana Boccanera, que também assina a preparação vocal.

Zebrinha comenta que o espetáculo faz uma leitura moderna ao mostrar o entrelaçamento do mítico com o contemporâneo. “Ao ser iniciado passei por um upgrade. Hoje, como filho de Ogun, consigo enfrentar a batalha que é calçar um salto alto. É desta forma que encenamos essa yabá. Mostramos que essas mulheres, acima de tudo, carregam o poder e o comportamento da Oxum. Ou seja, do arquétipo que carregam. Elas levam a orixá em sua personalidade”.

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