Micro e pequenas empresas tornaram-se essenciais durante a quarentena

Nos seis primeiros meses deste ano, 2,1 milhões de negócios, nesses segmentos, foram abertos, 35% a mais do que o registrado no mesmo período de 2020 e quase o dobro de 2015

 

Escrito por Mari Oliveira*

Todo mundo sabe que a crise de saúde pública se abateu sobre a Terra devido ao novo coronavírus. Durante a pandemia perdas devastadoras ocorreram em todos os setores. Na área empresarial o Covid-19 forçou licenças, demissões e fechamentos de negócios.

No Brasil, neste período, muitas pessoas transformaram a adversidade em uma oportunidade, causando a abertura em massa de micro e pequenas empresas. De acordo com o levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados da Receita Federal, o número de abertura de micro e pequenas empresas (MPEs) e de microempreendedores individuais (MEIs), no primeiro semestre de 2021, foi o maior desde 2015.

Nos seis primeiros meses deste ano, 2,1 milhões de negócios, desses três segmentos, foram abertos, 35% a mais do que o registrado no mesmo período de 2020 e quase o dobro de 2015.

O maior aumento foi entre as microempresas (MEs). O número passou de 267,1 mil para 390,4 mil, alta de 46%. Entre os MEIs, o aumento foi de 35%, passando de 1,2 milhão para 1,6 milhão de negócios formalizados no período. Já as empresas de pequeno porte (EPP) aumentaram 26%. No primeiro semestre de 2021, foram 84,6 mil negócios abertos, contra 67,2 mil em 2020.

Na Bahia – A Junta Comercial da Bahia (Juceb) registrou o maior número de novas empresas constituídas em julho de 2021, comparado aos últimos 3 anos, com a chegada de 3.524 mil novas empresas em 2021 contra 2.456 mil, em 2020, e 2.425, em 2019.

Muitos desses empreendedores inovaram e adotaram novas estratégias de comércio para atender a clientela em formatos alternativos, tornando-os essenciais durante a quarentena.


Inovação e a vontade de experimentar – Na contramão da crise do coronavírus, e em meio ao fechamento de lojas nas ruas, a empresária Jamile Ribeiro, 36 anos, atendeu muitas pessoas que precisavam de algum produto, mas não podiam sair de casa. Proprietária da Jam Artes Personalizados, marca no mundo digital, ela obteve resultados tão surpreendentes que até precisou ter funcionário para ajudar na produção.

“A empresa tem 2 anos e foi uma surpresa agradável. Nunca tinha vendido tanto. As principais datas comemorativas (Dia das Mães, Dia dos Pais etc) fizeram meu estoque acabar. Precisei estruturar o negócio com o controle do estoque e uma boa logística de entrega para aproveitar o momento”, conta.

Jamile afirma que essa alavancada nas vendas ano passado fez com que ela investisse mais na empresa com aquisição de equipamentos. Além disso, buscou fazer mais cursos que agregaram qualidade e inovação. O plano agora está na fase da reforma de um espaço maior para produção e armazenamento de produtos.

A coach de Negócios, Marcela Cerqueira, reforça “o que de fato fez com que se crescesse as vendas no digital foi o fechamento do comércio somado à preocupação dos consumidores em não sair de casa. O aprendizado permanecerá, claro que todos voltarão para compras em lojas físicas, mas o digital veio para ficar e somar”, explica.

 

Eu não tinha noção de que meus vídeos eram algo tão importante para as pessoas. Na minha visão, elas achavam os vídeos divertidos e só isso, mas nessa pandemia recebo muitas mensagens de pessoas agradecendo por mudar o dia delas, com algo divertido, que ajudei a superar um término de relacionamento e até coisas mais sérias como a depressão. É muito mais importante do que imaginava


Realmente o mundo digital em vendas chegou para ficar e não deve ser ignorado pelos empresários. É o que garante dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) que 20,2 milhões de consumidores realizaram uma compra on-line pela 1ª vez em 2020 e 150 mil lojas começaram a vender por meio das plataformas digitais. Foram mais de 301 milhões de negociações feitas pela net.

Uma luz no final do túnel – Enquanto para uns a pandemia trouxe muitos obstáculos, para outros conquistaram sonhos. Foi o que aconteceu com o youtuber Patrick Belmiro, 25 anos, que em 2020 viu seu canal no Youtube decolar.

Nos últimos 17 meses, o baiano, nascido em Inema e atualmente morador de Ilhéus, vem alcançando mais e mais seguidores. Entretanto, até esse reconhecimento acontecer, Belmiro lutou bastante.

“Tudo começou em 2016. Saí do antigo emprego de vendedor e resolvi investir no humor, na época eu queria alcançar a meta de 100 mil inscritos e ganhar dinheiro. Durante dois anos não ganhei nada, mas não abandonei meu sonho”, diz.

Atualmente, o canal no Youtube Belmiro Memes (com vídeos curtos e dublagens de animais) possui 2,09 milhões de inscritos e mais de 2,3 milhões de visualizações.

“Eu não tinha noção de que meus vídeos eram algo tão importante para as pessoas. Na minha visão, elas achavam os vídeos divertidos e só isso, mas nessa pandemia recebo muitas mensagens de pessoas agradecendo por mudar o dia delas, com algo divertido, que ajudei a superar um término de relacionamento e até coisas mais sérias como a depressão. É muito mais importante do que imaginava”, confessa.

Crédito: Mari Oliveira

Patrick Belmiro investiu. Atualmente possui seu próprio estúdio, para roteiro, gravação e edição. E revela que não é fácil. “São noites perdidas e dores no corpo, entretanto, vale todo o meu esforço entregar para meu público produtos de qualidade”, declara.

Apesar de ser uma boa alternativa, iniciar um novo negócio não é algo simples. A coach Marcela Cerqueira informa que o planejamento é fundamental para aqueles que desejam ingressar no empreendedorismo.

“É importante reforçar que o empreendedor tenha base em vendas on-line e busque suporte em órgãos de consultoria como o  Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo”, aconselha.


Oportunidade na pandemia – O sushiman Jeovane Freitas, 46 anos, ano passado, percebeu que era o momento de empreender. E no mês de maio inaugurou seu restaurante delivery Sushi Freitas.

O empresário decidiu usar sua experiência vivida no restaurante japonês que trabalhou para ter seu próprio negócio. “É importante estar aberto às possibilidades. Fiz um investimento na cozinha de casa e com a ajuda da minha família dei início ao projeto”, conta.

“O boca a boca começou a dar certo. Minha esposa tem um dom na comunicação e rapidamente ganhei uma clientela fiel”, revela.

Os objetivos de Jeovane passam pela expansão com aprendizado diário. “Tenho o comprometimento de entregar produtos de qualidade para meus clientes. Não podemos relaxar”, informa.

Ele confessa que tem o desejo de no futuro sua marca ganhar nome no mercado.

Para a coach de negócios Marcela Cerqueira “apesar do momento vivido e de todas as dificuldades trazidas pela pandemia é hora dos donos de empresas examinarem os seus resultados. E quem não investiu ainda na área digital precisa entender que a cultura dos brasileiros, relacionada às compras, sofreu alteração”, conclui.

 


Veja vídeo abaixo e descubra se você precisa abrir sua própria empresa

Crédito do vídeo: Mari Oliveira

Mais informações:

Site do Sebrae

Site da Juceb

*Marineide da Silva Oliveira, jornalista.

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