* Por Iasmyn Gordiano
A edição de dez anos do Feira Noise Festival foi realizada de 22 a 24 de novembro, na casa de shows Ária Hall, em Feira de Santana, a 108 km de Salvador. Com 33 atrações divididas em três dias de festa e mais de 20h de música, o Feira Noise coloca Feira na rota da música independente da Bahia. O evento, que nesta edição teve os palcos Budweiser (principal) e Banana Atômica (secundário), contou com a participação de artistas de renome nacional, como Supercombo, Vandal, Francisco El Hombre, Vivendo do Ócio, Dingo Bells, Larissa Luz, Selvagens à Procura de Lei, Zimbra, Potyguara Bardo, Aiyê, Getúlio Abelha, além dos locais como A Vez das Minas, Julli, Roça Sound, Iorigun, Clube de Patifes, Casapronta, entre outros.
“Tivemos grandes shows, que nos deixaram muito felizes, pois ver um artista independente no palco, emocionando o público, impulsiona o nosso trabalho”, contou Joilson Santos, produtor e um dos idealizadores do Feira Noise.
Mudanças na estrutura
Há dez anos o Feira Noise Festival entrou para o calendário de shows feirense, marcando o início de uma nova fase na cena independente da cidade. O evento, que antes era realizado na arena do Teatro Amélia Amorim, foi para a casa de shows Ária Hall neste ano. “O Feira Noise não é só música, apresentação musical e show, envolve múltiplas artes, tem exposição, feirinha colaborativa, camelô e espaço gastronômico”, pontua Ludimila Barros, produtora e coordenadora da logística de camarim do festival.
Ludimila avalia esta edição de forma positiva. “Percebemos a presença de um outro tipo de público, proveniente de um outro nicho musical, que não costumava frequentar a cena independente, mas que estava no Feira Noise”, comemora.
As novidades parecem ter sido aprovadas pelo público também. “Já fui em algumas edições, mas gostei muito dessa estrutura de agora. No palco Banana Atômica tinha área com ar condicionado, estava mais confortável, os banheiros estavam melhores”, comenta a bióloga Laila Rodrigues. Além da estrutura, Laila também aprovou as atrações musicais, destacando a banda paulista Supercombo. “Conhecia só uma música deles, mas, mesmo assim, curti muito. Eles sabem animar o pessoal”, elogia.
Artistas feirenses marcaram presença
As bandas de Feira de Santana, como os roqueiros da Iorigun, a Sons de Mercúrio, a de rap feminino A Vez das Minas, a cantora Julli e o Roça Sound, também fizeram bonito no festival.
“Esse foi o segundo ano consecutivo que a gente se apresentou no festival e grande parte do público que estava lá já conhecia o nosso trabalho, tanto pela edição passada, quanto por outros shows que já fizemos”, comenta Storm, uma das três vocalistas do A Vez das Minas, que se apresentou no palco principal na sexta-feira (22) e é composto também pelas rappers Tulipa Negra e Thamires Santos.
“Esse foi o segundo ano consecutivo que a gente se apresentou no festival e grande parte do público que estava lá já conhecia o nosso trabalho, tanto pela edição passada, quanto por outros shows que já fizemos”, comenta Storm, uma das três vocalistas do A Vez das Minas, que se apresentou no palco principal na sexta-feira (22) e é composto também pelas rappers Tulipa Negra e Thamires Santos.
Storm pontua sobre o machismo no mercado musical feirense, que é agravado por serem três mulheres negras fazendo um estilo de música predominantemente masculino. “Ano passado muita gente ficou surpresa por sermos três mulheres fazendo rap em Feira e cantando num festival de grande porte como o Feira Noise. Quando chegamos, jogando toda a nossa energia e o nosso talento, muita gente ficou ‘nossa, elas realmente fazem um trabalho sério, têm potencial’”, declara a rapper, feliz com a adesão do público à apresentação do grupo. “Quando estávamos no palco, agitando para começar o show e aí anunciaram a gente, veio uma multidão de pessoas para colar na grade e acompanhar o show. Ficamos ‘meu Deus, esse tanto de gente veio para nos ver!’”, vibra.
A banda Iorigun, formada em 2017 por Iuri Moldes, Moysés Martins, Leonel Oliveira e Fred Lima, foi uma das atrações do segundo dia, trazendo as músicas do seu ep “Empty.Houses/Filled.Cities”. “Participamos três anos seguidos do Feira Noise. Percebemos que o nosso público aumentou no decorrer dos anos, e em 2019 foi ainda maior. Galgamos espaço na line up do Festival e a galera respondeu bem”, pontua Leonel, baterista da Iorigun. “Vi o Feira Noise ficar ainda mais foda, com atrações melhores e uma estrutura mais bem pensada”, elogia o músico.
Leonel também ressalta a pluralidade das atrações do Feira Noise, com uma grade que contempla desde artistas nacionais, já conhecidos por boa parte do público, até as bandas locais, ainda iniciando a carreira. “Eles trazem bandas já consagradas no cenário, trazem bandas da cena de Feira, mas trazem também bandas que o pessoal não conhece e passa a curtir, a virar fã. O Feira Noise é uma experiência, não é só um festival de música”, define o baterista.
Quando perguntado sobre os shows em outras cidades, Leonel não esconde a preferência pelo público de Feira. “Os shows são diferentes. Tem algumas pessoas que já curtem nosso som, que cantam, dançam igual ao nosso público de Feira, mas em uma proporção menor. Somos de Feira, então tem um sentimento de pertencimento entre nós e a cidade”, ressalta.