HPV é um dos principais fatores do câncer de boca e garganta entre jovens

Julho é o mês reservado para o combate ao câncer de cabeça e pescoço. Entre os dez tipos de câncer de maior ocorrência no Brasil, o tumor orofaríngeo – localizado atrás da boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amídalas e paredes laterais – é um dos tumores mais incidentes entre os jovens brasileiros de até 40 anos de idade. Segundo o oncologista Bruno Protásio, da equipe médica do NOB / Grupo Oncoclínicas, “é preciso chamar a atenção para a infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano), um dos principais responsáveis pelo câncer de garganta”. Cerca de 75% das brasileiras sexualmente ativas terão contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus ocorre na faixa dos 25 anos.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de casos relacionados à infecção pelo vírus vem aumentando em homens e mulheres e a sua transmissão ocorre por meio da prática sexual sem proteção, principalmente por intermédio do sexo oral.

Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem surgir por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias, além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também de dificuldade ou dor para mastigar ou engolir. Sintomas como rouquidão persistente, perda de peso, alteração da voz, aumento dos gânglios linfáticos ou nódulos no pescoço, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos lábios e dificuldade na fala, também podem estar associados a algum câncer de cabeça e pescoço.   “Ao notar qualquer um desses sintomas, é fundamental que a pessoa vá ao médico o quanto antes. Quando se trata de um tumor, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam consideravelmente as chances de cura”, afirma o oncologista. Mais de 90% dos tumores pequenos e localizados são curados.

Principais fatores

Infecções Virais: A geração de jovens e adultos com menos de 40 anos preza e valoriza muito a liberdade sexual.  Trata-se de um grupo que nasceu após o “boom” do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. O uso do preservativo nas relações sexuais é fundamental para reduzir o risco de infecções como HPV, Hepatite B e C, que, por sua vez, aumentam o risco para câncer de cabeça e pescoço.

Tabagismo: O fumo também é um dos principais responsáveis pelo aparecimento do tumor na cabeça e pescoço. Antigamente, o hábito de fumar era visto como sinônimo de elegância e glamour, sendo incentivado até pelas propagandas que mostravam atores famosos tragando seus cigarros, o que estimulava esse costume entre as pessoas mais jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca eram tabagistas.

Álcool: Houve um tempo em que o cigarro era liberado nos restaurantes e até em sala de aula. Hoje, isso não é mais permitido. Contudo, o uso do tabaco persiste e, na maioria das vezes, vem acompanhando de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. O álcool pode agir como um solvente e facilitar a penetração de carcinógenos nos tecidos-alvos. Além disso, aumenta o índice de quebras no material genético e a peroxidação de lipídios e, consequentemente, a produção de radicais livres. Vários estudos epidemiológicos demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.

Fatores genéticos, hábitos alimentares, traumas crônicos causados por próteses dentárias mal adaptadas e a exposição excessiva ao sol sem proteção labial também podem desencadear esse tipo de tumor.

Prevenção

“Não fumar, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, ir ao dentista anualmente, cuidar da higiene bucal e não praticar sexo sem proteção são algumas das recomendações para prevenção das neoplasias de cabeça e pescoço”, recomenda o oncologista Bruno Protásio.

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