Exposição mescla arte indígena com tecnologia no MAM-BA

“Arte Eletrônica Indígena (AEI): uma exposição interativa” apresenta os trabalhos cocriados entre indígenas brasileiros e artistas do Brasil, Reino Unido e Bolívia, selecionados via edital para residências artísticas em nove comunidades indígenas da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe. A abertura da exposição será no dia 2 de agosto, a partir das 18h, e segue até o dia 2 de setembro, sempre de terça a domingo, das 13h às 18h.

As obras interativas tratam da reivindicação de terras, da preservação da memória e do diálogo entre gerações, destacando também a cultura indígena na música, na fotografia, no vídeo, na cartografia dos sons, na escultura, na tecelagem, na colagem digital, nas pinturas rupestres, na projeção eletrônica da pintura corporal entre outras manifestações artísticas.

O AEI (http://aei.art.br/) foi idealizado pela ONG Thydêwá (http://www.thydewa.org/) com patrocínio da Oi e Estado da Bahia, com apoio do Oi Futuro e da British Academy. O projeto é um programa de vanguarda e inovação que promoveu a produção colaborativa e cocriada entre artistas e indígenas de diferentes povos. Muitas das iniciativas selecionadas abordam linguagens artísticas ainda não nomeadas, expressões híbridas, fusão de suportes, e a convergência das tecnologias analógicas e digitais, potencializando a expressão da vida.

Cada artista selecionado fez uma residência artística dentro de uma das nove aldeias, ofertando, por meio da parceria com o Ponto de Cultura Indígena que funciona em cada comunidade, oficinas e ou laboratórios para promover as expressões artísticas dos indígenas e convidando-os para a criação transcultural.

Para o músico Tito Vinícius, um dos artistas selecionados, a residência serviu de aprendizado e evolução. “O AEI é uma experiência única. Antes do projeto, já tinha um esboço de um EP com atmosfera indígena, elementos da natureza e música eletrônica e o AEI apareceu como um presente para desenvolver esse trabalho. E ainda como um presente maior vou produzir Yarú Tupinambá, um artista talentoso e inquieto”.

O jovem Yarú Tupinambá relata que por meio do AEI foi possível revelar a sua arte musical e as suas letras de resistência, mostrando para as pessoas a realidade do seu povo. “O Tito Vinícius pode ajudar com todo o conhecimento que tem sobre os ritmos populares e de arte eletrônica. Através de nossas conversas surgiu a ideia de mesclar elementos e instrumentos da natureza e da minha cultura”.

O presidente e fundador da ONG Thydêwá, Sebastian Gerlic, destaca que “foi uma experiência enriquecedora que na alquimia do amor e na diversidade foram vividos processos muito intensos e profundos para ambas as partes. Na exposição mostramos alguns resultados para provocar as pessoas a entrarem em outro universo sob diferentes perspectivas”.

O projeto AEI promoveu intercâmbios das expressões culturais entre artistas e indígenas, nos âmbitos da Bahia e do mundo, incentivou a inovação e o uso de novas tecnologias em processos culturais e artísticos, e valorizou a diversidade artística e cultural em diálogo.

“Estar entre os 34 projetos aprovados na Seleção Nacional de Projetos Culturais da Oi Futuro reforça a seriedade e importância do trabalho que a Thydêwá vem realizando nos últimos anos em prol do fortalecimento da causa indígena. São sempre projetos inovadores, criativos e que provocam toda a equipe envolvida. No caso do AEI, provocou os artistas que fizeram as residências a saírem do lugar comum e pensar de forma mais colaborativa e criativa. É um desafio e uma diversão trabalhar num projeto tão rico em criatividade e provocações”, ressalta o produtor executivo do AEI, Tiago Tao.

Para o artista plástico e diretor do MAM-BA, Zivé Giúdice, “O MAM, no seu propósito de dialogar com as experimentações no âmbito das artes visuais, de pronto se interessou com o projeto das residências de arte digitais com aldeias indígenas. Ao MAM cabe estimular e difundir toas as iniciativas experimentais ou comprometidas com as artes atuais, assegurando o espaço de exibição e promover o diálogos entre o pensamento e produção, com a sociedade. A conexão com artistas e índios, pensando, produzindo arte e tendo o MAM como interlocutor, traduz o que de fato significa um museu de arte no século XXI”.

O AEI tem uma equipe curadora internacional de sete pessoas, entre elas a Dra. Thea Pitman, da Universidade de Leeds (Reino Unido), que está também envolvida no projeto como investigadora, contando com o apoio da British Academy. Para Thea, “tem sido um verdadeiro prazer ser curadora do projeto AEI. Gosto da maneira que o projeto combina a arte indígena com a arte digital através de processos de cocriação em constante mutação. É por isso que esta exposição no MAM-BA é tão única. Dá um espaço de galeria raro para esta confluência de formas de arte verdadeiramente original, sem tentar fixar o quadro. O processo das residências que fundamenta a exposição é tão parte da exposição quanto qualquer produto acabado e, sem dúvida, os projetos e suas produções criativas continuarão a evoluir além da duração da própria exposição. Eles continuarão a viver nos repertórios criativos tanto das comunidades e dos artistas cujos talentos eles combinaram, e estou ansiosa para rastrear suas trajetórias no futuro”.

 

SERVIÇO

Arte Eletrônica Indígena: uma exposição interativa

Capela do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA)

De 2 de agosto a 2 de setembro, de terça a domingo, das 13h às 18h.

Abertura: 2 de agosto, às 18h

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