Especialistas esclarecem questões sobre saúde reprodutiva durante a pandemia

Com a pandemia do Covid-19, o sonho de ter filhos, seja naturalmente ou através de reprodução assistida, teve que ser adiado e as mulheres que já estavam grávidas precisaram redobrar os cuidados para prevenção do novo coronavírus.

Cerca de 15 % a 20% da população brasileira em idade reprodutiva é afetada pela infertilidade. A infertilidade conjugal é caracterizada pela ausência de gravidez em um casal com vida sexual ativa e que não usa medidas anticonceptivas por um período de um ou mais anos.

A equipe médica do Cenafert – Centro de Medicina Reprodutiva, tendo à frente os médicos e especialistas em medicina reprodutiva, Joaquim Lopes, Gérsia Viana, Sofia Andrade e Valentina Cotrim e a embriologista Janaina Mendes dos Santos, respondeu algumas questões importantes para esclarecer assuntos relacionadas à reprodução humana em tempos de pandemia. A clinica, especializada em reprodução assistida, voltou a atender de forma reduzida e adaptada, de acordo com decreto da Prefeitura Municipal de Salvador, e seguindo todos as orientações e protocolos da ANVISA e das autoridades locais de saúde.

Qual a orientação para as pessoas que estavam em tratamento para infertilidade ou prestes a iniciar um tratamento?

Em geral, a orientação é que os tratamentos de reprodução assistida sejam adiados até que a pandemia esteja controlada no país. No entanto, há casos especificos que devem ser avaliados de forma criteriosa e individualizada.
Mulheres devem evitar engravidar neste momento, mesmo naturalmente. No caso de mulheres que já estão grávidas, a orientação é para que ela mantenha o isolamento social e redobre os cuidados para evitar infecção pela Covid-19.

Recomenda-se a consulta com o especialista, que pode ser presencial ou virtual, para aconselhamento reprodutivo, visando minimizar riscos à saúde reprodutiva.

Quais são os casos específicos de pessoas inférteis que não devem esperar para buscar ajuda?
Os procedimentos de Fertilização in Vitro poderão ser realizados por mulheres em idade avançada ou com a reserva ovariana prestes a esgotar. Os embriões obtidos, no entanto, deverão ser congelados, uma vez que as transferências embrionárias estão temporariamente suspensas.
Pacientes diagnosticados com câncer e que precisam preservar sua fertilidade poderão recorrer ao congelamento de óvulos ou de sêmen
A Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida – SBRA e a Rede Latino-Americana de Reprodução Humana Assistida – REDLARA recomendam que cada caso seja avaliado cuidadosamente e de forma individualizada.

Qual a principal orientação para manter a saúde reprodutiva neste período?

Manter-se no peso adequado, buscando uma alimentação saudável e evitando excessos alimentares durante a quarentena, buscar atividades para controlar o estresse e a ansiedade, dormir bem, não fumar, evitar consumo excessivo de bebida alcoólica, e, se possível, praticar atividade física regularmente,

Quais as principais causas da infertilidade?

Várias são as causas que podem levar à infertilidade na mulher, dentre elas as doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) que podem levar a danos tubários, distúrbios hormonais que causem alterações na ovulação, a exemplo dos Ovários Policísticos, endometriose, miomas e problemas de malformação uterinas.

No homem, a varicocele (varizes na bolsa escrotal) é uma das causas mais comuns da infertilidade e consiste na dilatação anormal das veias que drenam o sangue na região dos testículos. A baixa produção de espermatozoides pelo testículo, causada por alterações hormonais, a mobilidade dos espermatozoides e a qualidade do sêmen são alguns dos fatores que influenciam na fertilidade masculina. Há também causas genéticas que podem levar a ausência de produção de espermatozoides (azoospermia) ou concentração muita reduzida de espermatozoides no sêmen (oligozoospermia severa).

Os hábitos de vida e os fatores ambientais são também grandes responsáveis pela saúde reprodutiva. A obesidade e o tabagismo são vilões apontados pelos especialistas da área.

Uma gestante infectada pelo Coronavírus pode transmitir o vírus para o bebê?

Trata-se de um vírus completamente novo, porém o que se sabe até agora é que o número de relatos de transmissão vertical (da mãe para o bebê) é muito pequeno em relação a proporção de pessoas contaminadas no mundo. Um estudo realizado na França demonstrou, pela primeira vez, a transmissão transplacentária de SARS-CoV-2 de uma mãe de 23 anos, infectada nas últimas semanas da gestação, para seu bebê. Na China e no Peru, alguns recentes estudos também relataram essa possibilidade. Em geral, a evolução dos bebês foi boa nos casos estudados.

Segundo um sistema de classificação internacional, recentemente divulgado, para definir casos de infecção pelo Covid-19 em gestantes, fetos e recém-nascidos, uma infecção congênita neonatal é comprovada se o vírus for detectado no líquido amniótico coletado antes da ruptura das membranas ou do sangue coletado no início da vida.

Quais os cuidados que gestantes e puérperas devem ter com o Covid-19?

Gestantes e puérperas fazem parte do grupo de risco para a Covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde, e devem manter o isolamento social e redobrar a atenção com relação aos cuidados com higiene.

Uma infecção viral durante a gestação pode causar risco de parto prematuro e agravamento para a mãe, especialmente quando a mulher já apresenta comorbidades, como diabetes, hipertensão e outras enfermidades associadas.

No caso das puérperas, valem as mesmas recomendações para reforçar os cuidados com a prevenção. Até 45 dias após o parto, é natural que elas estejam mais vulneráveis, uma vez que todas as mudanças no corpo podem favorecer uma queda da imunidade nessa fase.

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