A cada 40 segundos, uma pessoa tira sua própria vida. Recentemente, chamou atenção o suicídio do cantor sul-coreano Kim Jong-hyun, que morreu na segunda-feira em Seul, aos 27 anos. Ele deixou uma carta de despedida na qual afirma que lutava contra uma depressão. Assim como o jovem astro, muitas pessoas sofrem silenciosamente com esta patologia que deve ser tratada e tem cura.
“Muitas vezes a pessoa não quer, necessariamente, morrer, mas dar fim ao sofrimento. Ou seja, não é algo racional, sobre o qual ela pensa. Esse tipo de suicídio é possível de prevenir, uma vez que os pacientes que se encontram nesse estágio sempre dão algum tipo de recado. Eles sinalizam”, informa o médico psiquiatra da Holiste, Vitor Pablo.
A depressão causa um sofrimento profundo, levando o indivíduo à perda da funcionalidade e a outros transtornos. “Tem várias facetas, intensidades e, muitas vezes, se esconde. É uma profunda dor na alma, uma dor moral e existencial muito grande”, explica o médico psiquiatra e diretor clínico da Holiste, Luiz Fernando Pedroso. Segundo o psiquiatra, a dinâmica psicológica do sujeito pode ter origem em fatores biológicos, ambientais ou de personalidade, com a possibilidade de influência de um sobre o outro.
A patologia traz consequências devastadoras para o indivíduo. De acordo com a psiquiatra Lívia Castelo Branco, a doença é uma das maiores causas de incapacidade; por isso, é importante que seja prontamente diagnosticada e tratada.
O médico Luiz Fernando Pedroso alerta para a importância de diferenciar a depressão de um período de tristeza, sentimento absolutamente normal e saudável. “A depressão é uma tristeza patológica, pouco reativa e, muitas vezes, com vida própria dentro do indivíduo, que se vê prisioneiro do sofrimento provocado pelo transtorno”, esclarece.
Ele destaca que, quanto maior for a dor, mais o sujeito fica incapacitado. À medida que o sofrimento e a angústia aumentam, os sintomas pioram até o ponto dele não sair mais de casa, da cama, até não querer mais viver e chegar a pensar em um ato suicida, alerta o especialista.
O controle da doença geralmente é feito de maneira multidisciplinar, associando psiquiatria, tratamento medicamentoso, psicoterapias e terapias de neuroestimulação, a depender do quadro do paciente e da resposta que ele dá a cada abordagem.