Um tratamento cirúrgico traz uma nova perspectiva para os pacientes portadores de diabetes mellitus Tipo 2, doença que acomete principalmente pessoas obesas ou com sobrepeso. Trata-se da cirurgia metabólica indicada para pessoas que não conseguem controlar a diabetes e podem sofrer as complicações da doença. O NTCO (Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade), centro de referência em cirurgia bariátrica, em Salvador, passa a disponibilizar também o tratamento cirúrgico para a diabetes. A indicação da cirurgia metabólica para o tratamento de pacientes com diabetes foi normatizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com a resolução Número 2.172/2017. O procedimento é indicado para pacientes diagnosticados com diabetes mellitus Tipo 2 (DM2) há menos de dez anos, que possuam Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 Kg/m2 e não consigam controlar a doença com o tratamento clinico e mudanças no estilo de vida. A cirurgia pode ser realizada em pacientes entre 30 e 70 anos no máximo.
O procedimento é uma variante da cirurgia bariátrica. A diferença é a indicação. Enquanto a bariátrica é indicada para promover o emagrecimento de pacientes com obesidade, a cirurgia metabólica tem como objetivo principal o controle da diabetes.
‘A cirurgia metabólica promove uma mudança no eixo hormonal, contribuindo para a maior produção da insulina e a queda da glicose com o consequente controle da diabetes”, esclarece o cirurgião Erivaldo Alves, diretor do NTCO e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
O procedimento é considerado seguro e os resultados, geralmente, são percebidos a curto prazo. “A cirurgia não garante a cura, mas possibilita o controle da diabetes, uma doença importante e sistêmica que atinge todos os órgãos. O paciente resgata sua saúde e sua qualidade de vida”, ressalta Erivaldo Alves.
Segundo o médico, “dificilmente um paciente obeso e portador de diabetes, que é submetido à cirurgia, sofre apenas de diabetes, pois a obesidade por si só já pode desencadear inúmeras complicações e comorbidades, como as doenças cardiovasculares, hipertensão, dislipidemia (colesterol e triglicérides elevados), esteatose hepática (acúmulo de gordura nas células do fígado), apneia do sono e artropatias (doenças das articulações)”.
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a doença atinge mais de 425 milhões de pessoas no mundo e cerca de 13 milhões de brasileiros. A diabetes tipo 2 é a mais comum e representa 90% dos casos da doença, caracterizada pela produção reduzida de insulina pelo pâncreas ou por uma falha do organismo na ação da substância, que tem a função de metabolizar a glicose para produção de energia. A doença é associada aos hábitos de vida. “Obesidade, sedentarismo e má alimentação são fatores de risco para o desenvolvimento da doença”, afirma Erivaldo Alves.