A partir do próximo dia 18 (sábado), Salvador recebe projeto inédito de resgate à memória musical e lúdica da capoeira a partir da valorização da oralidade de mestres dessa arte. O Circuito Contos e Cantadores acontece em quatro datas em diferentes museus da cidade, com realização assinada pelo Projeto Mandinga e Aú Marketing com Propósito e apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através do Fundo de Cultura – Setorial de Museus, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
O convite do projeto é para que o público participe de rodas de conversas e música para conhecer a identidade histórica do povo brasileiro presente no cancioneiro da capoeira. Herdeiros de saberes e tradições, mestres de capoeira contarão causos e farão música com seus berimbaus, atabaques e pandeiros para remontar ao tempo e contexto em que essas canções foram compostas. A proposta é que mestres e público visitem juntos o rico universo simbólico dessas composições.
Contos e Cantadores tem sua estréia no dia 18, sábado, 11h, no Solar Ferrão, quando a programação tem como tema “Homenagem a Gato Preto” e reúne os mestres Góes e Zeca – filhos do homenageado -, Mestre Negoativo (BH) e Mestre Plínio (SP) para falar do legado do Mestre Gato Preto, nascido em 1929 em Santo Amaro (BA), que deixou sua marca como um dos maiores mestres tocadores de berimbau da história da capoeira no Brasil, tendo falecido em 2002. O circuito volta a acontecer no dia 1° de setembro, no Museu Udo Knoff; 26 de outubro, no Museu Tempostal, e 18 de novembro, no Museu Rodin.
“Com a internacionalização da capoeira, a tendência é que muitas tradições se percam e daí vem a importância de encontros como promovidos por esse projeto, em que buscaremos resgatar saberes da cultura popular, levando ao público histórias da capoeira através da musicalidade. Vamos abordar ritmos, canções que sofreram modificações, contar causos e mostrar como a música enriquece e integra nossa arte”, adianta Mestre Sabiá, um dos idealizadores e realizadores do circuito, à frente do Projeto Mandinga.
“A música é eixo estruturante da capoeira e suas canções são donas de toda uma simbologia do momento vivido por aquele grupo de capoeiristas que as compôs. Isso é uma prova de como nossa cultura se transmite oralmente, então o Contos e Cantadores acontece para dar a devida atenção à musicalidade da capoeira como importante transmissora de tradições num tempo em que a globalização tão extremada faz com que nossas raízes históricas possam ser perdidas facilmente”, pontua Lila Lopes, da Aú Marketing com Propósito, empresa que também assina a realização do projeto.
Entre os mestres de capoeira que terão seu legado musical visitado pelo circuito Contos e Cantadores também estão Waldemar, Mestre Bimba e João Pequeno. Em cada encontro, outros mestres, historiadores e músicos estarão dedicados a trazer à tona a ancestralidade que costura a tradição da capoeira através da música. Ao fim de cada sessão, o bate papo será aberto para o público dar sua contribuição e tirar dúvidas. Cada encontro terá uma temática e duração de 90 minutos.