Às vezes ele nem é lembrado, outras fica martelando na nossa mente o dia todo. Em quantas ocasiões procuramos significados para sonhos e pesadelos em uma tentativa de entender o porquê nosso subconsciente montou determinada situação, não é mesmo?
Para a psicanálise, o estudo dos sonhos começou com Sigmund Freud, pois ele tirou o sonho o campo da superstição para estudá-lo. Em sua obra intitulada “A interpretação dos sonhos” mostrou como eles podem auxiliar no processo de compreensão do nosso funcionamento mental, tanto na saúde quanto na doença. Eles nos ajudam a lidar com as frustrações cotidianas e dar vazão às fantasias e desejos que não estão de acordo com nossa educação e escolhas conscientes.
“Sonhamos para não acordar. O sonho é um estado de pré-vigília. Um recurso do nosso organismo para que possamos administrar tensões/preocupações internas ou externas sem acordar e, com isso, continuarmos a usufruir dos benefícios regeneradores do sono. Ele administra essas tensões, por exemplo, fazendo-nos vivenciar que já estamos no trabalho quando estamos preocupados com o horário de acordar ou nos dizendo que estamos tomando banho, quando uma goteira aos pés da cama nos ameaça de acordar”, explica Débora Damasceno, psicanalista e diretora da Escola de Psicanálise de São Paulo.
Algumas pessoas sonham repetidamente com a mesma situação, isso é corriqueiro, pois, tendo uma rotina com desejos e frustrações que se estendem por um bom tempo é comum que possamos ter as mesmas imagens e sonhos formados no nosso subconsciente.
Já os pesadelos ocorrem quando, por algum motivo, essas imagens dos sonhos e as sensações que as acompanham se tornam muito próximas do que o sonho deveria mascarar.
Para Freud, sua concepção da mente humana é a seguinte: não somos nem absolutamente bons nem absolutamente maus. E para lidar com demandas sociais uniformizantes precisamos sempre de alguma dose de fantasia.
Para quem quer ‘estudar’ o próprio sonho, Débora deixa uma dica que pode ajudar. “Aos estudantes dos próprios sonhos, sempre recomendo que tenham ao lado da cama um caderninho de anotações ou, mais atualmente, o gravador do celular, onde podem registrar imediatamente ao despertar suas impressões do sonho”, conclui.
É interessante prestar atenção nos detalhes do sonho. Por exemplo, como você estava se sentindo, quais objetos estavam perto, o que estava acontecendo, as pessoas que participaram do sonho. Isso tem muito mais a dizer do que a situação como um todo, que muitas vezes pode ser fantasiosa ou cotidiana.