Denisson Palumbo
Por força desse destino uma milonga argentina vai bem melhor que um tango. Sentimentalmente. A melancolia exilada aos arredores de redondilhas e ritmos milongueiros pede para voltar; joga-se aos pés do ouvido da gente. Na América do Sul, brinda-se de boca cheia a palavra milonga, o linguajar ligeiro dos cantadores das terras. Às margens do Paraguaçu e do Rio La Plata só remanescentes. As formas emboladas de lá e de cá devem satisfazer a exigência dos indiferentes ao fato do feitiço que nos faz latino americanos: poesia. Em sua surdez, a civilização e a barbárie ibérica desconhecem os sentidos das palavras embrenhadas nos cantos de uma “milonga sentimental”. O tango aguarda, fora de questão… quem quiser discutir Carlos Gardel, então vá. Um milongueiro grita não, sussurra sim; talvez cante um repente nos pampas a ser escutado na capital das favelas. Os versos vencem fronteiras.