A feliz idade de Dona Dirce, a vovó mais doida da internet

A feliz idade de Dona Dirce, a vovó mais doida da internet

Sabe aqueles dias em que você está surfando na internet sem saber ao certo o que procura? Ou, às vezes, até sabe, mas acaba perdendo o foco, quando se vê diante de um mar de informações? Pois é. Mas, por sorte, a minha distração não me prejudicou em nada. Ao contrário, apresentou-me a uma pessoa incrível, que eu fiquei louca para conhecer pessoalmente.

Meu primeiro contato foi através do direct do Instagram. Enviei uma mensagem e ela respondeu prontamente. Pediu que eu conversasse com a neta Izabela Assis pelo WhatsApp sobre o que eu gostaria de escrever e foi o que fiz. O resultado dessa conversa? Você vai conhecer agora.

Quem é Dona Dirce?

Um jeito especial de ser de hoje conta a história de Dona Dirce Ferreira, “a vovó mais doida da internet”. Ela tem 72 anos, mora em Uberlândia e em 16 de abril deste ano fez a sua primeira postagem no Instagram. No vídeo compartilhado, em que ela aparece dançando, há uma breve descrição: “essa sou eu fazendo uma das coisas que mais gosto…”.

Certo tempo depois, Dona Dirce resolveu inovar as publicações e autorizou a postagem do ensaio fotográfico que fez imitando as fotos sensuais da sua neta Mariana Matos e da cantora Anitta. Tudo começou como uma brincadeira, mas foi o suficiente para as fotos bombarem nas redes sociais. E assim, despretensiosamente, o Instagram de Dona Dirce passou de 136 para 31 mil seguidores. Como ela mesma diz: “o trem foi longe”. Hoje, já são 125 mil “seguinetos”, maneira carinhosa como trata os seguidores na rede social (As informações dos links são do Metrópoles, do Gshow, da Revista Marie Claire e do SP News).

Dona Dirce conversa com todos, sem exceção, tanto jovens quanto idosos.  Responde as perguntas, motiva, explica a necessidade de se reciclar, praticar exercícios físicos, cuidar da saúde e, essencialmente, viver. “Eles precisam sair do sofá, fazer outra coisa além de assistir TV. Fico a toda hora batendo nessa tecla”, orienta. Mas, ela não dá conselhos apenas para ganhar audiência. Dona Dirce faz 50 abdominais por dia, dança muito, inclusive, ao som das músicas do É o Tchan e, sim; ela desce na boquinha da garrafa.

Dona Dirce dançando “Na Boquinha da Garrafa com o Grupo É O Tchan no Programa Encontro

Foto: reprodução

 

Depois de ter criado as filhas e ter ajudado a criar os três netos, Dona Dirce, agora, está livre para aproveitar a vida. Mesmo assim, ela ainda trabalha de 8 a 10 horas por dia, ajudando a administrar a empresa da filha — que aluga materiais para salão de festa – cuida das plantas, dos cachorros e papagaios, cozinha, conserta roupas, faz exercícios, caminhadas, ouve música, decora as coreografias e ainda interage no Instagram com os seus seguidores.

  

Abre alas que a garota simples e feliz de Monte Alegre vai passar

Foto reprodução Instagram

 

A leonina que nasceu no fim da década de 40 em Monte Alegre, Minas Gerais, numa família de classe média baixa, morava na zona rural do município e teve uma infância muito pobre, mas feliz. Dona Dirce e seus dois irmãos sempre foram muito unidos, e, por isso, as dificuldades financeiras não faziam diferença. Acostumou-se a viver na simplicidade, por isso, na adolescência mesmo sem ter tudo o que queria, continuou com a mesma alegria de sempre. Gostava de ler, era muito curiosa, mas não tinha muito tempo porque cuidava do irmão epiléptico. A educação era rígida. Os pais sempre estavam por perto e ela ficava mais em casa. Tinha algumas amigas, mas como não saía muito, passava mais tempo ao lado da irmã e da mãe. Casou aos 20 anos e aos 24 decidiu se separar. Esse período foi o mais difícil para Dona Dirce, principalmente, por causa do preconceito que as mulheres separadas sofriam na época. Mas ela não se intimidou. Amante da liberdade, arregaçou as mangas para criar as duas filhas: Lígia e Leila. Chegou a ser supervisora de enfermagem, mas precisou se aposentar mais cedo para cuidar da mãe que sofria com um câncer em fase terminal.

 

De Minas para o mundo, através da internet

Dona Dirce tem recebido muitos convites para participar de eventos, mas ainda não ganha por isso: “Se o dinheiro vier, será muito bem- vindo, claro; mas, por enquanto, eu só tenho a minha aposentadoria, esclarece”.

Quando eu perguntei se a idade era um impeditivo para que ela fizesse publiposts ou publicidade na internet, ela respondeu que para empreender, a idade não importa. Só é preciso estar vivo e querer: “Para mim, a Internet é um divertimento, mas também é uma necessidade, principalmente, nos dias de hoje. Só assim, nós idosos, podemos interagir com os jovens, que têm muito a nos ensinar. A internet é uma coisa incrível, ensina muito e nós temos muito a aprender; é isso o que mais importa”.

 

Influenciadores digitais 60+ são o grupo que mais cresce entre os usuários de internet

No Brasil, o número de influenciadores 60+, fazendo abordagens diferenciadas e mostrando que é possível ser irreverente e feliz, ainda é pequeno. Essa ausência de uma maior representatividade, em parte, afasta os idosos das redes sociais. Apesar dessa constatação, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), apontou um crescimento de 25,9% de 2016 para 2017 entre os usuários nesta faixa etária. Esse resultado tem relação direta com o aumento do uso dos smartphones que tornou muito mais fácil o acesso à internet, através dos aplicativos e das redes sociais. Atualmente, há no país, mais de 230 milhões de celulares ativos. Isso é o que revela a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 2018.

 

Elas já passaram dos 60 e são musas inspiradoras das redes sociais

Fora do Brasil, a presença de influenciadoras digitais 60+ é muito mais expressiva. Desse grupo, a mais irreverente e mais experiente é a americana Helen Van Winkle ou Baddie Winkle, como prefere ser chamada. Ela é apontada pela Fox como uma das pessoas mais influentes do Instagram. O seu perfil @baddiewinkle já possui 3,8 milhão de seguidores! E, pasmem: em 18 de julho, Baddie completou 91 anos. Nascida em Knoxville, Tennesse, nos EUA, Winkle é conhecida por ter um estilo próprio, bem fora da caixa. Ela participou de desfiles, programas de TV e fez presença vip ao lado de celebridades de Hollywood.

Baddie Winkle, em 2018, comemorando os seus 90 anos

Similar à história da nossa mineiríssima Dona Dirce, Baddie contou com a ajuda da bisneta para montar os seus looks coloridíssimos. Considerada uma ícone fashion, ela começou a se vestir de maneira ousada para driblar a dor que sentiu após a morte do marido e do filho: “Chorava sem parar, não conseguia lidar com a perda, então virei Baddie Winkle”, disse ao site americano Refinery 29

Mulheres como Dona Dirce e Baddie nos dão lições maravilhosas. Ensinam, principalmente, que a vida é um presente e, por isso, não pode ser negligenciada. Dia após dia, depois de grandes perdas e dores, elas conseguiram se reinventar e provaram que é possível mudar de nome, de roupa, de estado civil, de vida, sempre com muita irreverência e alegria.

Para Baddie Winkle, “só vivemos uma vez, por isso precisamos nos divertir”. Em um dos seus últimos posts, ela faz uma pergunta dirigida a si mesma: “Who is she? (Quem é ela?) E com muita dose de autoamor, responde: “She is beauty she is grace she is powerful (Ela é bonita, ela é graciosa, ela é poderosa). É ou não é uma inspiração?

E nessa mesma vibração, Dona Dirce contou em um vídeo postado no Instagram, que será repórter por um dia do Programa Encontro de Fátima Bernardes. Seus “seguinetos”, claro, amaram a novidade. O seu jeito de ser especial, irreverente e único tem conquistado o país. O motivo de tanto sucesso, ela explica: “Eu acho que a vida deve ser vivida dia a dia porque o amanhã só a Deus pertence. Por isso, não podemos ficar parados, só assistindo televisão e esperando a morte chegar. Precisamos nos movimentar, ver a vida lá fora, fazer uma caminhada, viver”.

Essas histórias poderiam facilmente se transformar num filme. Quem sabe até Darryl Quarles, autor de Vovó…Zona, poderia escrevê-lo? Afinal, de vovó, ele entende. Eu ainda preferia assisti-las em uma série com infinitas temporadas, até porque, tamanha sabedoria não caberia em poucos episódios. Mas, já que essas histórias ainda não viraram nem filme e nem série, vamos segui-las no Instagram.

 

Acesse os canais e inspire-se nas musas inspiradoras 60+

@donadirceferreira (125 mil seguidores)

@baddiewinkle (3,8 mil seguidores)

@valerie-von-sobel (38,1 mil seguidores)

@lindaandwinks (258 mil seguidores)

@saramaijewels (185 mil seguidores)

 

Fontes: Vogue e Refinery 29

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