O Dia Mundial da Hipertensão Arterial (17 de maio) foi criado com o objetivo de alertar a população para a importância da doença, que teve um aumento de 3,7% entre os adultos nos últimos 15 anos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, os índices saíram de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021. O relatório mostra ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais.
De acordo com o cardiologista Dr. Nivaldo Filgueiras, que é vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e conselheiro do Conselho Administrativo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a data é uma oportunidade de ressaltar que manter hábitos saudáveis como o consumo de alimentos balanceados e a realização de atividades físicas diárias podem contribuir para a prevenção e redução dos fatores de risco da doença. Ela pode causar o enfraquecimento do coração, doença renal crônica, doenças da aorta, hemorragias oculares e, além disso, acarretar Acidente Vascular Cerebral (AVC).
A adoção de hábitos saudáveis é fundamental diante dos dados levantados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Segundo a ferramenta, de 2010 a 2020, foram registradas 551.262 mortes por doenças hipertensivas, sendo 292.339 em mulheres e 258.871 em homens.
Segundo o cardiologista, o problema, popularmente conhecido como pressão alta, pode acometer crianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os sexos. A doença provoca o estreitamento das artérias e faz com que o coração precise bombear o sangue com cada vez mais força para impulsioná-lo por todo o organismo e depois recebê-lo de volta. Uma pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão arterial apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9.
O vice-presidente da ABM indica ainda que fatores como a obesidade, o sedentarismo, tabagismo, estresse e hábitos alimentares inadequados como ingestão elevada de álcool, sal e gordura lideram o ranking dos principais fatores de risco que favorecem o aumento da pressão arterial.
A mudança do estilo de vida está diretamente relacionada à redução dos níveis da pressão arterial. “ Um dos principais vilões é o sal, que é a principal fonte de sódio, e está presente naturalmente em alguns alimentos. A população brasileira consome em média 12g de sal/dia, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde é de 5g de sal/dia (= 1 colher de chá) o que corresponde aproximadamente 2,0 gramas de sódio”, explica.
Ele pontua ainda que o sódio também está nos alimentados enlatados, embutidos (salame, mortadela, presunto, salsicha), conservas, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, pão francês, refrigerantes diet e zero, e até mesmo em alguns doces. “A informação da quantidade de sódio está presente nos rótulos, por isso é importante estar atento sempre antes de comprar ou consumir algum produto industrializado”, completa.
Diagnóstico
Já o também cardiologista e diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Luiz Ritt, explica sobre como ocorre o diagnóstico da hipertensão, feito basicamente por meio da medida da pressão arterial. “As maneiras mais comuns são aquelas realizadas nos consultórios com aparelhos manuais ou automáticos. Além disso, o quadro pode ser confirmado por meio de aparelhos capazes de realizar aproximadamente 100 medidas de pressão em um período de 24 horas, o exame chamado MAPA”, explica o cardiologista.
O tratamento deve incluir, além da correção de hábitos alimentares e do combate ao sedentarismo, na maioria dos casos, o uso de medicamentos. “Ao tratarmos casos de pressão de alta, o objetivo é fazer com que a pressão arterial do indivíduo estabilize abaixo de 12 por 8”, enfatiza.
Um cuidado especial, de acordo com o cardiologista, é medir regularmente a pressão arterial, sobretudo na terceira idade. “Isso é necessário, porque a pressão também aumenta, conforme o indivíduo envelhece”.
Dr. Ritt também destaca os grupos de risco da hipertensão que são diversos. “Após os 65 anos, as mulheres são as mais atingidas pela doença. Já entre os jovens, o problema é mais comum em homens”.
Em função de fatores genéticos, o risco aumenta no caso de negros e latinos. “Mas é importante destacar que, de maneira geral, indivíduos que convivem com altos níveis de estresse, dormem pouco ou que abusam do consumo de substâncias como álcool e sal têm grandes chances de desenvolver a doença”, finaliza.