CUPIDO & BOCA DE BRASA

Denisson Palumbo

Definição do amor? O amor se entrega a quem o define? Infernal, Gregório de Mattos cuspiu no cupido. O cuspe do Boca de Brasa é fogo que arde a olho nu, ele sabe tatear com a saliva: “com o cu à mostra, jogando com todos a cabra-cega”, o poeta brinca, o Cupido é o brinquedo: “má peça”. Pernas, artérias, veias… não se vê no corpo mitológico desses deuses meio humanos, meio estátuas, embaraço, batalha ou tremor de carne fraca. À força, com veneno e arma, o amor aprisiona amantes em sua redoma religiosa – há séculos tem sido assim, sem consentimento, incondicional –, desde que o Cupido é um anjo. Gemidos de uma confusão de bocas são bobagem mais importante do que poemas. “Amor livre é pleonasmo”, já disse um outro poeta baiano (procure saber e saiba onde é Acajutiba), na liberdade que se conquista com a esperança invencível dos derrotados. Quem diz outra coisa está de má-fé. “Amor livre é pleonasmo”.

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