O Hospital Martagão Gesteira foi responsável por metade (50%) das cirurgias cardíacas realizadas em 2019, considerando-se a faixa pediátrica do SUS no estado da Bahia. No total, foram 210 pacientes operados, com destaque para o aumento da complexidade dos casos. Na sexta-feira, 12, foi celebrado o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita.
O quantitativo observado em 2019 acompanha um crescimento registrado desde 2017, neste tipo de cirurgia, sendo considerado um número elevado. Dados do Ministério da Saúde consideram um centro cirúrgico como referência em cardiologia pediátrica quando este realiza em torno de 120 cirurgias por ano. Somente em 2019, o Martagão realizou quase o dobro.
Mais relevante ainda é o aumento da complexidade dos casos atendidos. Muitas crianças que nascem com cardiopatia grave ficam no aguardo da regulação, esperando por uma vaga de cirurgia cardíaca. Muitas delas são do interior e não têm condições de ir para casa. Quanto mais tempo demora, elas estarão sujeitas a mais complicações e maior o risco cirúrgico.
“Crianças nascem com cardiopatias graves. Algumas delas não têm condições de ir para casa e ficam na tela de regulação esperando 10, 15, às vezes, 30 dias por uma vaga de cirurgia cardíaca. Sendo assim, o crescimento da cirurgia cardíaca pediátrica do Martagão foi importantíssimo para ajudar essas crianças portadoras de cardiopatia congênita, visto que a rede de saúde não é suficiente para dar conta do número de cirurgias cardíacas que o Estado precisa”, destaca a coordenadora do Serviço de Cardiologia do hospital, a cardiologista pediátrica Mila Simões.
A cardiopatia congênita é uma malformação na estrutura do coração. As crianças que têm, já nascem com ela. Na maioria dos casos, são mutações genéticas que não se consegue prever. Na maioria das vezes, durante a formação da estrutura do coração, há uma mutação genética que leva ao desenvolvimento da cardiopatia. Há mais de 200 tipos descritos na literatura. Mas nem todas são cirúrgicas.
Para a cardiologista, o crescimento do número de cirurgias feitas ocorreu devido a uma melhor capacitação do setor. “Frente à necessidade da rede diante do déficit de leitos para cirurgia cardíaca pediátrica, vimos que era necessário ajudar e continuar crescendo. Sempre foi um interesse nosso. Mas, para ocorrer, precisávamos de capacitação. Quando assumi a coordenação em 2017, fizemos uma capacitação geral e, progressivamente, fomos atingindo essa melhora tanto de assistência dentro do centro cirúrgico, quanto de assistência multidisciplinar dentro da UTI, para que pudéssemos crescer em complexidade”, acrescentou.
Referência em pediatria há 55 anos, o Martagão é um hospital 100% SUS que atende a pacientes de todo o estado, nas mais diversas especialidades como cardiologia, neurologia, oncologia, entre outras. Instituição filantrópica, o hospital depende de doações para continuar atendendo milhares de crianças. Para ajudar, doações podem ser feitas pelo site do Martagão (www.martagaogesteira.org.br/doe-agora).