*Lucia Moyses
Fim de ano. A que esta data te remete? Natal, Festa de Ano Novo, presentes, Panetone, árvores, enfeites. Papai Noel, presépio, canções de Natal, fogos de artifício. Férias coletivas, shoppings enfeitados, ruas lotadas, correria de quem deixou tudo para última hora. É assim o seu fim de ano?
Para um grande número de pessoas, sim. No entanto, é comprovado que nesta época a tristeza ataca, a solidão pesa e se você não se sente tão feliz quanto deveria, a sensação de fracasso se instala.
Sim, não é uma época fácil. Você se obriga a ser feliz, mas nem sempre consegue. Algumas pessoas se isolam e se recusam a comemorar o Natal, não importa qual sua religião.
Mas não deveria ser assim. O fim de ano deveria ser uma época para se repensar e analisar como foi seu ano. O que você fez de bom, onde você errou, o que poderia ter feito de diferente? É o momento da introspecção, do olhar mais profundo, da absolvição das culpas internas, do crescimento. Não devemos virar as costas para este momento só porque foi instituído que nesta data todos estão felizes, as famílias são perfeitas, a vida é cor de rosa e o mundo é colorido.
O que não significa que você não possa aproveitar o máximo desta data. Aproveitar para reunir a família, aproveitar para tornar seu coração mais leve e mais propenso para perdoar, aproveitar para esquecer mágoas antigas e deixar a magia desta época entrar em você.
E o que dizer das resoluções do Ano Novo? Muita gente faz listas do que vai mudar no ano seguinte. De repente, o ano seguinte acabou e quase nada da lista foi feito. Não tem problema, o que importa é tentar. Mas resoluções devem ser tomadas todos os dias e não só no fim do ano. A cada dia podemos ser melhores, se nos dispusermos a melhorar. Ninguém vai mudar do dia para a noite, é preciso perseverança, maturidade, disposição para o que virá. Nunca é fácil, mas é gratificante.
Vestir-se de branco para ter paz, de amarelo para ter dinheiro, de verde para ter esperança, de vermelho para encontrar o amor. Não são as roupas que vão ditar as mudanças em nossas vidas. São nossas atitudes e pensamentos. Claro, quando alguém acredita que o branco lhe trará paz, pode se autossugestionar e se convencer de que está em paz. Mas se você não trabalhar, não terá mais dinheiro. Se você não estiver aberto a relacionamentos, não encontrará seu grande amor. Se você não mudar seus pensamentos pessimistas e amargos não encontrará esperança. Não importa a roupa que você use.
Tudo isso é muito gostoso: comer uvas, pisar com o pé direito, jogar sal por cima dos ombros. Vale uma boa brincadeira. Mas para levar a sério, o que importa é: o que você pretende para o próximo ano e como vai trabalhar no sentido de alcançá-lo? Brincar é divertido, mas quando usamos as brincadeiras para nos esquivarmos do que realmente precisamos fazer, é inútil, é em vão.
É você quem faz o seu ano novo ser melhor e mais feliz.
Natal e Ano Novo são épocas para agradecer, para se unir ao infinito, não importa a sua religião nem se você é ateu. Por que não? Junte-se e comemore a vida, a alegria, a esperança. Agradeça pelas bênçãos e dê leveza ao seu coração. Nem que seja apenas uma vez por ano, embora fosse melhor que se fizesse isso a cada dia.
Uma prática que pode muito dar certo é escrever, a cada semana, alguma coisa boa que aconteceu e ser agradecido por ela. No fim do ano, abrir todos os papéis e relembrar tudo de bom que aconteceu durante o ano inteiro e ser grato pelo ano maravilhoso que se teve.
Sempre é possível agradecer. Você passa o ano inteiro cuidando de seu filho que está no hospital. É duro, é difícil. Agradecer pelo quê? Pelo fato de você ter alguém para amar, alguém por quem você sente um amor infinito. Nem todas as pessoas têm isso.
Sua mãe morreu. O que tem para agradecer? O fato de você ter tido uma mãe maravilhosa, por tanto tempo em sua vida.
Seu namorado acabou de dispensá-la e seu mundo caiu. Agradecer por quê? Pelo fato de você estar com o caminho aberto para conhecer alguém que te ame de verdade, do jeito que você merece.
Isso não significa assumir uma posição “Pollyanna” para tudo na vida. Longe disso. Porém, quando agradecemos, nossa mente se abre e conseguimos ver com mais clareza o que fazer para melhorar ou mudar uma situação.
Enfim, mudanças, agradecimentos, meditação são princípios que devem ser praticados todos os dias. Mas se temos uma época própria para isso, por que não aproveitar?
Basta você definir como quer o seu fim de ano. Uma época para se isolar do mundo? Uma época para se divertir sem consequências? Uma época para trocar presentes, cantar canções e não pensar em mais nada? Tudo bem. O fim do ano é seu. Mas mesmo que o Natal seja uma época triste para você, faça do limão uma limonada. Aproveite para comemorar a vida e agradeça por todas as coisas boas que aconteceram durante o ano. Aproveite para refletir, descobrir como melhorar, entrar em contato com seu mundo interno, conhecer-se melhor.
“tis the season to be jolly”. Aproveite, pois só acontece uma vez por ano e passa rápido.
E então? Como vai ser seu final de ano?
Lucia Moyses é psicóloga, neuropsicóloga e escritora (www.luciamoyses.com.br)
Natural de São Paulo, Lucia teve sua primeira formação em análise de sistemas pela FATEC (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), complementando os seus estudos com curso de pós-graduação na UNICAMP (Universidade de Campinas). Atuou nessa área por mais de 20 anos e foi convidada para ser coautora em uma obra da IBM, em sua sede nos Estados Unidos. Administrou cursos e palestras, inclusive para pessoas com necessidades especiais.
A partir desta experiência, a escritora se interessou pela área de humanas. Foi então que decidiu seguir a carreira de Psicóloga, concluindo o bacharelado na FMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas) e, logo depois, se especializando em Neuropsicologia e Reabilitação Cognitiva pelo (INESP) – Instituto Nacional de Ensino Superior e Pesquisa.
Em 2013, a autora lançou seu primeiro livro “Você Me Conhece?” e dois anos depois o livro “E Viveram Felizes Para Sempre”, ambos com um enfoque em relacionamentos humanos e psicologia.
Três anos após a especialização em Neuropsicologia, Lucia lançou os três primeiros livros: “Por Todo Infinito”, “Só por Cima do Meu Cadáver” e “Uma Dose Fatal”, da coleção DeZequilíbrios. Composta por dez livros independentes entre si, a coleção explora a mente humana e os relacionamentos pessoais. Cada volume conta um drama diferente, envolvendo um distúrbio psiquiátrico, tendo como elo o entrelaçamento da vida da personagem principal.
Agora em 2018, a psicóloga lança mais três livros: “A Mulher do Vestido Azul”, “Não Me Toque” e “Um Copo de Veneno”, totalizando seis livros da coleção.