Não esfregar ou coçar os olhos pode evitar o Ceratocone

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Não esfregar ou coçar os olhos pode evitar o Ceratocon
Alérgicos em mais chances de desenvolver a doença, que em estado avançado, pode levar ao transplante de córnea

Junho Violeta é o mês de conscientização sobre o ceratocone, doença da córnea em que existe um afinamento da mesma e, consequentemente, a possibilidade de deformidade em forma de cone. Assim, a fase normal da córnea deixa de ser tipo uma bola de futebol e passa a ser tipo uma bola de futebol americano, mais cônica. Normalmente a doença começa na adolescência e pode em poucos anos provocar uma baixa da visão muito importante. A causa não é bem conhecida, sendo multifatorial, e os pacientes de perfil alérgico tem maior incidência, pois o ato de esfregar os olhos aumenta a chance de desenvolver a doença.

O ceratocone inicialmente provoca um aumento importante do grau, que não consegue ser corrigido com o uso de óculos, necessitando o uso de lentes de contato e, finalmente, nos estágios mais avançados, cirurgias como implantes de anéis intracorneanos e transplante de córnea. O crosslinking (fortalecimento da córnea) é o tratamento realizado para deter a evolução da doença e assim preservar a visão e evitar os estágios avançados. Por isso, é importante iniciar o tratamento assim que é identificada a patologia! A estimativa é de que a doença afete um indivíduo em cada mil e que ocorra em populações de todo o mundo, embora alguns grupos étnicos apresentem uma maior prevalência que outros.

Sintomas – O ceratocone costuma ser diagnosticado na adolescência, até os 20 anos, evoluindo para o estágio mais grave na década dos 30 anos. A doença pode afetar um dos olhos ou os dois, mas este último caso, bilateral, é mais frequente que o ceratocone unilateral.
No caso do ceratocone, a pessoa deve considerar buscar um médico caso apareçam sintomas como a percepção de múltiplas imagens fantasmas, ou quando se vê muitos pontos espalhados de forma irregular. Em alguns casos pode-se observar imagem dupla e sensibilidade exagerada à luz (fotofobia). Além disso, o paciente costuma ter dor de cabeça de forma frequente, devido ao esforço ocular que faz para enxergar.

Diagnóstico – Para o diagnóstico, além do exame clínico, o médico pode solicitar exames complementares como a topografia de córnea, que permite avaliar anomalias avançadas ou iniciais na superfície anterior ou posterior da córnea. A partir daí, caso seja identificada a doença será avaliado os graus de evolução: Grau 1 – Nesta fase, a visão está conservada e os erros refrativos (miopia e astigmatismo miópico) são sutis; Grau 2 – o doente já refere alguma dificuldade em enxergar e necessita de óculos ou lentes de contacto para corrigir a visão; Grau 3 – é um estágio avançado da doença em que a visão mesmo com correção ótica já está bastante afetada, podendo necessitar de correção cirúrgica; Grau 4 – é o estágio mais avançado da doença no qual se encontram leucomas (opacidade da córnea) ou edema (hidropsia). A única forma de tratamento é o transplante de córnea.

Tratamento – Embora o ceratocone não tenha cura, se tratado de forma adequada, pode restabelecer aos doentes uma boa acuidade visual adequada às necessidades das tarefas diárias. O tratamento da visão reduzida deve ser feito pelo uso de óculos na fase inicial da doença e quando o uso de óculos não produz os efeitos desejados, deve-se experimentar o uso de lentes de contato para ceratocone (lentes de contacto semirrígidas ou rígidas). Cada pessoa tem uma sensibilidade diferente de adaptação às lentes de contacto, por isso a adaptação ao tratamento será diferente para cada indivíduo.

Quando os óculos ou lentes de contato não corrigem a acuidade visual para valores aceitáveis e antes da córnea ficar turva, é necessário que seja feita uma intervenção cirúrgica. Há algumas opções de tratamento como o implante de anéis na espessura da córnea, que modificam a sua curvatura. Além disso, os implantes de anéis podem ser colocados em cirurgia com anestesia local e a convalescença é muito menor, embora não esteja isenta de complicações ou riscos como qualquer intervenção cirúrgica.

Quando a córnea não tem condições físicas ou está muito cônica ou turva, é indicado o transplante de córnea, que restabelecerá a transparência dos meios óticos. Há ainda novos tratamentos como o crosslinking da córnea, que permite aumentar a rigidez da córnea. Este tratamento é realizado com um tipo de laser (luz UV) numa córnea que foi previamente regada com riboflavina (vitamina B2). Quanto antes o diagnóstico, melhor para o paciente, pois a necessidade de cirurgia é adiada.

Dr. Máximo Manfredi é médico oftalmologista especializado em Oftalmologia Clínica e Cirúrgica

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