A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, para cada grupo de 100 mil nascidos entre 2009 e 2013, em torno de 55 mães faleceram no parto. Este dado nem sempre é compreendido, uma vez que a medicina avançou muito nas últimas décadas. Mas, há fatores que contribuem para que uma gestação seja considerada de alto risco e, portanto, devem ser levados em conta pelas futuras mães. Quando pensamos em Brasil, há muito que avançar no quesito prevenção de gravidez de alto risco. Isso porque a população brasileira ainda é bastante carente, no que diz respeito a uma alimentação adequada e também ao acesso a serviços de saúde, à educação e à informação.
Para minimizar os riscos, o acompanhamento médico durante a gestação é fundamental. Há uma série de situações que permitem aos médicos classificarem uma gestação como de alto risco, como, por exemplo, doenças pré-existentes da mãe, cardiopatias, hipertensão, doenças autoimunes, doenças infecciosas, o ganho de peso excessivo, ou o desenvolvimento de doenças durante a gravidez, como o diabetes. Durante o pré-natal, também são feitos exames, como o ultrassom, que permitem identificar situações que caracterizam uma gravidez de alto risco.
Hipertensão e Diabetes – Um exemplo é a medida do comprimento do colo uterino, que se estiver muito curto, indica um maior risco de parto prematuro. Mas, se pensarmos nas doenças mais frequentes e importantes que colocam em risco a saúde e até a vida da mãe e do bebê na gestação, sem dúvidas destacamos a hipertensão (pré-existente, ou que se desenvolve durante a gravidez, chamada de pré-eclâmpsia) e o diabetes. Em ambos os casos as pacientes, sempre com indicação médica, devem buscar o tratamento adequado, que é baseado em mudanças, ou adequações dos hábitos de vida (praticar atividades físicas e estarem atentas a sua alimentação, buscando uma dieta equilibrada e variada), podendo, ou não, necessitar de tratamento com medicamentos.
Sintomas – Atualmente temos uma alimentação com forte presença de carboidratos, ou seja, de açúcares. E, caso esse consumo não seja moderado, especialmente entre gestantes que estão com o peso acima do ideal, trata-se de um fator que pode levar ao desenvolvimento do diabetes. Também é importante considerar se a grávida já tem um histórico familiar de diabetes. Alguns sintomas podem ser um alerta para que a futura mamãe busque assistência especializada, como o ganho muito grande de peso de uma semana para outra, ou de um mês para o outro e o inchaço, que pode indicar o aumento da pressão arterial. O inchaço, ou edema gestacional é esperado da metade da gravidez para o final, especialmente nos três últimos meses. Porém, quando aparece precocemente, ou é muito súbito e evidente, é sempre um alerta. Também é importante que uma rotina de atividade física esteja incluída, especialmente na gravidez de alto risco, mas o tipo, frequência, intensidade e duração devem ser definidos e acompanhados por profissionais capacitados e com o aval do obstetra.
Parto – Fazer um acompanhamento pré-natal adequado, com um médico que passe segurança à gestante e que a acolha é fundamental para o melhor resultado possível: uma mãe com saúde e satisfeita com o nascimento de um bebê saudável. Quanto ao parto, nem sempre a gravidez de risco necessita de uma cesariana, tudo vai depender da saúde da mãe e do feto e a prioridade sempre são a saúde, a segurança e o bem estar dos dois. A decisão caberá à paciente, auxiliada e orientada, com base em boa informação, por seu médico obstetra. Mas, às vezes, um agravamento do quadro clínico pode definir o tipo de parto.
Dr. Livius Ribas (RQE 13.505 / CRM-BA 16.011) é obstetra com experiência em gestação de alto risco.