Lançado em abril de 2018, o TRANSBORDA – Programa de Formação em Artes Performativas abre inscrições a partir do dia 28 de maio para as 07 oficinas a serem realizadas no segundo semestre, de julho a dezembro [cronograma e informações detalhadas, logo abaixo]. A sede do Programa é o Espaço Cronópios, localizado na Rua Direita do Santo Antônio, 179, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, Salvador/Bahia.
As oficinas serão ministras por reconhecidos artistas como Alda Maria Abreu (Julho), Olga Lamas (Agosto), Marcelo Souza Brito (Setembro), Raiça Bomfim (Outubro), Leonardo França (Novembro), Matias Santigado (também em Novembro) e Laís Machado (Dezembro). Os encontros ocorrerão nas noites de segunda, quarta e sexta, com um café para compartilhamento das experiências vividas na oficina na tarde dos sábados subsequentes.
O TRANSBORDA é um espaço de formação e de compartilhamento de experiências em artes, onde a criação é entendida pela transversalidade entre as linguagens, especialmente, no trânsito entre dança, literatura, performance e teatro. Concebido pela Gameleira Artes Integradas, coordenada pelas artistas-produtoras Raiça Bomfim e Olga Lamas, o projeto é desenvolvido em parceria com o artista e gestor Matias Santiago.
O Programa de Formação em Artes Performativas é destinado a maiores de 18 anos, com ou sem experiência artística, e tem como princípios o transbordamento e contaminação entre propostas artísticas plurais; a consideração da singularidade dos interesses políticos, éticos, estéticos e do modo como cada indivíduo se percebe implicado na construção da realidade; e a autonomia dos sujeitos envolvidos nos processos formativos.
Em 2019, a ideia é que o programa se expanda e realize um conjunto de quatro módulos e três oficinas, por semestre. Cada módulo e oficina são independentes, e ainda que um dialogue com o outro e haja contaminações mútuas, os interessados podem escolher de quais e de quantos participarão, montando sua própria grade.
“O programa será um espaço para trocar experiências, para que os participantes possam experimentar outros estágios de corpo e reflexão”, explica Olga Lamas.
Confira a nossa programação de oficinas em 2018:
1) Oficina: LAB EROS – Laboratório de práticas corporais e experimentos erótico-filosóficos sobre o tempo
Ministrante: Alda Maria Abreu
Período: 23, 25, 27 e 28 de JULHO
O LAB EROS é um espaço experimental criado pela dançarina/performer Alda Maria Abreu para mobilizar atos performativos e vivências coletivo-corporais que fazem parte de sua atual pesquisa de doutorado: “do sujeito erótico à experiência-limite” (Georges Bataille) e “o tempo e o corpo do incomensurável” (Henri Bergson). Esses modos de performar/existir, sustentados no que Alda chama de imersões ecopoéticas, irão ganhar corpo no convívio diário com o grupo a partir de uma dramaturgia aberta, convocada por epistemologias xamânicas ainda sem nome, idade ou tempo.
Os participantes serão convidados a mergulhar num mesmo mar, na memória do fogo nos corpos e desafiados a deslocar-se de suas certezas antropocêntricas e pontos de vista demasiado humanos sobre quem somos ou o que é um corpo, um Ser, uma Vida. “Buscarão dar à luz estados de caos, novas danças, novas ecologias, novos modos, graus e naturezas daquilo que chamamos Liberdade”, explica a dançarina-performer.
Alda Maria Abreu é uma artista independente que atua na cena cultural do eixo São Paulo-Bahia-Portugal há mais de 10 anos, escritora e ávida leitora de Artaud, Bataille, Nietzsche, Bergson e Spinoza, na esteira da filosofia da diferença, acompanhada também por Deleuze, Guattari e seus mil platôs. Atualmente dedica-se à criação de atos performativos que visam efetuar danças-pensamentos livres das coleiras da dita arte contemporânea.
2) Oficina: SILÊNCIOS E TESOUROS – Experimentos corporeo<perfor>mágicos
Ministrante: Olga Lamas
Período: 20, 22, 24 e 25 de AGOSTO
Esta é uma oficina para explorar tesouros no corpo e na cidade: as pequenas delicadezas silenciosas do cotidiano. Uma experiência de expandir a escuta, alquimiar os sentidos, performar presenças e convocar elementos sensíveis para o ato da criação artística.
Infiltrar-se e ser infiltrada/o. Brincar de lembrar e esquecer. Inaugurar e reinventar memórias e tempos no corpo, nos objetos, no espaço. Abrir fluxos de contaminação e atravessamentos mútuos e múltiplos. Experimentar buscas e encontros de pequenos detalhes, letras, fragmentos, brechas.
“A partir desses encontros-descobertas, os participantes permeabilizarão os contornos de corpo, objeto, espaço para movimentar os sentidos e, por fim, inventar poéticas e encantamentos”, descreve Olga Lamas, artista pesquisadora transdisciplinar {teatro, dança, performance e audiovisual} afeita a feitiçarias e alquimias cotidianas.
Lamas é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA com a pesquisa intitulada Movimentos do Silêncio: Uma Dança Cartográfica; e Licenciada em Teatro pela mesma universidade. Tem no silêncio a fonte de inspiração para suas criações autorais há quase 10 anos – a exemplo das obras da trilogia sobre Virginia Woolf {2009-2012} e da performance Sagração {2014}.
3) Oficina: A POÉTICA DO CORPO LUGAR – Uma abordagem fenomenológica de corpo e de cidade
Ministrante: Marcelo Souza Brito
Período: 10, 12, 14 e 15 de SETEMBRO
A cidade deve proporcionar não somente o espaço funcional, mas também o banal, o acidental, o secundário, o lúdico. A relação artística entre o corpo e a cidade é o tema desta oficina que busca proporcionar aos participantes a experiência de que cada lugar independente das condições de uso precisa ser ocupado, vivido em todas suas possibilidades: funcionais e lúdicas.
“O uso define o lugar e a poesia surge do uso. Independentemente de ser uma visão utópica de cidade, é esta mesma utopia, enquanto artista, que me faz pensar uma cidade onde o espaço para a poesia, a criação e a arte sejam garantidos bem como o espaço funcional”, revela Marcelo Sousa Brito, que acaba de lança o livro “O teatro que corre nas vias”.
Assim, essa experiência nos fará entender como o artista se relaciona com seu corpo e com a cidade, além de entender como a cidade interfere na relação do artista e sua criação. A opção por um grupo mais heterogêneo vai colaborar com a diversidade de repertório em se tratando da relação do artista com a cidade na manutenção de seu corpo-lugar.
Marcelo Sousa Brito é ator e diretor teatral, Doutor em Artes Cênicas pelo Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da UFBA, autor dos livros “O teatro invadindo a cidade” (EDUFBA 2012) e “O teatro que corre nas vias” (EDUFBA, 2017). Prêmio Braskem na categoria revelação 2006 pela direção do espetáculo “Guilda”. Atualmente é bolsista PNPD da Capes para de estágio de pós-doutorado no Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da UFBA.
4) Oficina: BERRO ESTRIBILHO – Parições sonoras
Ministrante: Raiça Bomfim
Período: 15, 17, 19 e 20 de OUTUBRO
A oficina funciona como espaço de experimentação de sonoridades e movimentos permissivos à aparição de vozes soterradas pelo medo e pelo hábito. As propostas que dão partida a cada um dos encontros ressoam da criação do experimento BERRO e seguem os mesmos fundamentos poéticos.
“BERRO é a expressão de um parto. O ser tinindo em carne e som. Um esquecimento que recobra corpo e emerge à superfície. Catástrofes de onde nascem danças. Corpos de onde brotam os rios. Rio onde corre nossa voz mais íntima, extraviada da língua, recolhida na incompreensão, como um apêndice, um mioma, um coágulo. Uma liberação. Corpo vulcão, corpo devir, corpo multiplicado. Respiração por onde a língua apalpa membranas íntimas. Permitir e, ao mesmo tempo, combater. Entregar-se ao desastre, escorregar em linfas. Deixar-se atravessar pela lâmina das presenças. Ser cúmplice das tempestades. Atiçar o jorro delirante que dissolve os dizeres apáticos. Dar à luz sombra por sombra. Nascer”, descreve Bomfim.
Atriz, escritora, produtora e professora, Raiça Bomfim é graduada em Interpretação Teatral e Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA. Desenvolve uma série de estudos criativos sobre a Ofélia de Shakespeare, reunidos sobre o título de “Projeto Ofélia”. É uma das produtoras-criadoras da Gameleira Artes Integradas – território de articulações artísticas.
5) Oficina: DANÇA ESTILHAÇADA – Quais constelações de corpos movem seu corpo?
Ministrante: Leonardo França
Período: 05, 07, 09 e 10 de NOVEMBRO
Essa oficina é um ambiente de criação coletivo no qual a dança se torna uma prática inespecífica para potencializar modos específicos de composição. Coletivamente, os participantes irão pensar sobre o que é próprio na criação sem propriedade, pensar modos singulares de relação sem exclusividade, reconhecer e inventar a multiplicidade de cada corpo.
Para além da sua anatomia humana, quantos corpos habitam seu corpo? Sua presença se expande na materialidade de quais outros corpos (Pessoas? Objetos? Roupas? Animais? Plantas?)? Quais são seus corpos visíveis e invisíveis? O que e quem dança na dança enquanto a sua dança acontece?
Essas são algumas perguntas desta oficina que está aberta a pessoas e artistas que nunca se reconhecem inteiros: quase-artistas, quase-dançarinos, quase-cineastas, quase-artistas visuais. Fronteiriços.
Leonardo França é pai em construção e artista do corpo que faz do estilhaçamento sua produção estética. Produz colaborativamente com vários artistas da dança, cinema, música, artes visuais e teatro. Desde 2010, integra a equipe de artistas-curadores da Dimenti produções culturais.
Em sua atuação estilhaçada assume diferentes posições como diretor, dançarino, ator e performer. Suas criações ganham múltiplas configurações como espetáculos, instalações, livro-objeto e curtas-metragem. Em 2016, teve dois trabalhos indicados como melhores espetáculos de dança do Rio de Janeiro pelo Jornal O Globo: Ouriço que tem a sua direção e Looping: Bahia Overdub em co-direção com Felipe Assis e Rita Aquino. No seu trajeto já realizou residências artísticas no Brasil, Portugal e Alemanha.
6) Oficina: ABORDAGENS ARTÍSTICAS PARA O CORPO E O MOVIMENTO
Ministrante: Matias Santiago
Período: 19, 21, 23 e 24 de NOVEMBRO
A partir de abordagens práticas da Dança que envolvem o corpo e o movimento, esta oficina pretende detonar processos criativos que emergem das experiências sociais, artísticas e políticas de cada aluno, considerando o cruzamento possível entre campos de conhecimentos da arte e da vida, percebendo os lugares do corpo e do ambiente e suas potências performativas.
Atualmente, diretor do Balé Jovem de Salvador, Matias Santiago é professor, bailarino e coreógrafo. Exerce atividade didática nas áreas da arte e arteducação, pensando o corpo e suas variantes de movimento na dança. Foi coordenador dos Cursos Livres da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia, instituição pela qual é formado como Bailarino profissional.
Dentre as diversas companhias de dança que fez parte estão Jorge Silva Cia de Dança, Cia Viladança, Dance Brazil, Balé do Teatro Castro Alves, Grupo Corpo (MG), Cia de Dança do Palácio das Artes, Andanza (EUA), Brazzdance (EUA), Balé da Ilha (ES), e Sem Cia de Dança – Ambiente de criação coreográfica. Licenciado em Dança pela Universidade Federal da Bahia, atualmente, é professor substituto da Escola de Dança da UFBA e mestrando pelo PPGDança.
7) Oficina: OJÚRAN – Transe e fluxo
Ministrante: Laís Machado
Período: 10, 12, 15 e 16 de DEZEMBRO
A última oficina do TRANSBORDA é a Ojúran, que em Yorubá significa transe, sonho, visão. Nela, Laís Machado compartilha sua pesquisa sobre estados alterados de consciência e produção de áreas criativas, tendo a dança, o canto e a exploração de qualidades energéticas como veículos para um estudo da presença, em uma perspectiva decolonial. Esta vivência é composta por exercícios práticos que estimulam a conexão consigo e suas pulsões, aliados a dispositivos de relação, estudos teóricos acerca da presença e decolonialidade, e análise do material produzido coletivamente durante todo o processo.
Laís Machado é alárìnjó feminista, pesquisadora, crítica e produtora – formada pela ETUFBA; membro fundadora da ÀRÀKÁ – Plataforma de Criação em Arte; ex-Integrante do Teatro Base (2011-2017); membro fundadora da Revista Barril onde atuou como colunista e designer (2016-2017); além de desenvolver estudos sobre transe e fluxo como meio de produção de presenças e um estudo decolonial da cena experimental.
Serviço
O quê: Oficinas TRANSBORDA – Programa de Formação em Artes Performativas
Quando: de Julho a Dezembro de 2018 – segunda-feira, quarta-feira e sábado, a partir das 8h30 às 21h30
Onde: Espaço Cronópios – na Rua Direita do Santo Antônio, no bairro do Santo Antônio Além do Carmo, número 179
Investimento: R$ 200,00 por oficina – desconto para pagamento antecipado]
Inscrição e maiores informações: www.gameleiraintegra.com/trans