Os atuais desvios do dinheiro público brasileiro estão se transformando em piadas de protesto em A Bofetada. Ao chegar ao auditório do teatro para estreia de Eleonora, a crítica de arte Vânia Leão e sua companheira Dirce Mendonça brincam que alugaram um apartamento no mesmo prédio onde as famosas malas de dinheiro foram encontradas – “Vai que encontramos uma pochete perdida”. Dona Maria Primeira se recusa entrar em cena depois que o Governo Federal colocou em votação a Reforma da Previdência. Chegou até dizer que vai jogar os sapatos na cabeça dos idealizadores da obra do BRT.
As piadas se renovam toda semana e o atual cenário político brasileiro tem dado várias ideias aos patifes. Para acompanhar esses protestos em forma de piada das personagens de A Bofetada, a Cia Baiana de Patifaria convida para assistir às últimas apresentações deste espetáculo que há 30 anos faz sucesso nos palcos brasileiros. A temporada vai até 10 de junho, sábados e domingos, às 20h, no Teatro ISBA.
Os patifes Mário Bezerra, Marcos Barretto, Rodrigo Villa e Lelo Filho acompanham com afinco as manchetes do noticiário político-social-econômico brasileiro e as misturam aos bordões e cenas musicais que levam o público às gargalhadas: ‘é a minha cara’, ‘oxente’, ‘momento lindo, maravilhoso’, ‘adoro, chega choro’.
“Uma vez Chico Anysio me disse, quando fomos gravar com ele na Globo, a seguinte frase: ‘O humor é irmão da poesia. O humor é quem denuncia. Eu não tenho possibilidade de consertar nada, mas eu tenho a obrigação de denunciar tudo, porque essa é a obrigação primeira do humorista’”, declara Lelo Filho, ao falar sobre esse tipo de piada “que tem uma recepção maravilhosa do público, que aplaude o protesto e aproveita para rir”.
A BOFETADA completa 30 anos de encenação nos palcos soteropolitanos desde que estreou na pequena Sala do Coro do TCA, em 1988, tendo sido assistida por mais de 2 milhões de espectadores até hoje. A concepção original é de Fernando Guerreiro. Os três esquetes que compõem o espetáculo são de Mauro Rasi, Miguel Magno e Ricardo de Almeida. Lelo Filho assina a direção, com o diretor assistente Odilon Henriques.