Em alguns países, o ensino técnico e profissionalizante atinge mais da metade dos alunos do ensino médio. Segundo o Banco Mundial, 76% dos alunos na Áustria frequentam esses cursos. Na Alemanha, 51,5 %. No Brasil, esse índice é de apenas 7,8%. Em 2011, o Governo Federal criou o Pronatec (Programa nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) mas, com a crise econômica, o programa perdeu fôlego. Em 2014, eram 880 mil vagas e em 2016, o número de vagas caiu para 372 mil.
E diante do cenário de crise mundial e na contramão da história, Cingapura aparece se destacando quando o assunto é ensino técnico. O sucesso do ensino técnico por lá é tanto, que o governo da cidade asiática está exportando seu modelo de educação continuada e ensino técnico – uma espécie de Pronatec Global. Os cursos são alinhados de acordo com as necessidades da indústria, e todos os professores tem direito a cem horas de desenvolvimento profissional, por ano. Depois de criar três escolas técnicas, com porte de universidades para 40 mil alunos, o modelo já começou a ser exportado pelo mundo. No ano que vem, será inaugurado um Instituto de Ensino Superior Técnico no Panamá, com base no de Cingapura.
“O ensino técnico sempre foi visto como uma oportunidade de colocação rápida no mercado de trabalho, pela duração mais curta dos cursos e também perfil mais prático do aprendizado. A crise terminou prejudicando um pouco, mas essa mesma crise foi usada como elemento de incentivo para iniciativas como esta, de Cingapura. Isso só serve para mostrar o quanto precisamos valorizar o ensino técnico e fazer com que, através dele, a gente consiga reaquecer a nossa economia”, conta Anderson Braga, mantenedor do CETTPS, instituição de referência no ensino técnico que funciona há mais de uma década em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.