35 cidades brasileiras vão aderir à “Greve Mundial pelo Clima” nesta sexta

Nesta sexta-feira (20), organizações sociais em todo o mundo vão realizar a Greve Mundial pelo Clima, seguindo os esforços da Greta Thunberg, idealizadora do movimento Sextas Pelo Futuro #FridaysForFuture. Na Bahia, o movimento é encabeçado pelo coletivo Não Há Planeta B – Salvador: na capital baiana uma grande manifestação está prevista para sair do bairro Campo Grande, às 9h. Outras 34 cidades já confirmaram a adesão ao movimento até o momento. A greve tem o apoio de nomes como Caetano Veloso – que recentemente convidou os seguidores para o ato em um post nos stories do seu perfil no Instagram -, Bel Borba, Márcio Meireles, Zélia Duncan, Clarisse Abujamra, Manuela D’Ávila, Carlos Prazeres, Jorge Portugal, Ludimilla Teixeira, Vânia Abreu, Almério, Márcia Castro, Márcia Tiburi, Liliana Mercuri, Alexandre Lins, Fabíola Aquino, Antônio Pitanga, Beto Brant, Jaques Morelembaum, Marcos Rezende, Vovô do Ilê e Maviael Mello. Para saber os locais de manifestação em outras cidades e países, basta acessar o seguinte link:

Site do Fridays for Future Brasil: https://fridaysforfuturebrasil.org/eventos Na pauta das manifestações, estão a promoção da Justiça Ambiental, o cumprimento do Brasil no Acordo de Paris, o uso prioritário de energias renováveis, o desmatamento Zero nos Biomas Brasileiros, a demarcação de Terras Indígenas e Comunidades Tradicionais, investimento nos programas e ações para o Saneamento Básico, redução das emissões de gás de efeito estufa, incentivo governamental em redução do consumo, em especial descartável, fim da obsolescência programada, ações concretas para o Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas e o investimento Urgente em Educação Ambiental. “A Amazônia pede socorro, os indígenas pedem combatividade, o povo precisa de seus territórios preservados e seus direitos garantidos! Vamos juntxs?!”, convida o coletivo.

“Você pode perder seu direito de respirar, de beber água potável, enquanto comunidades indígenas, quilombolas e periferias perdem seu direito à vida. A conseqüência predatória que o sistema atual está causando ao planeta, nos trouxe para as Emergências Climáticas, momento onde o Clima Planetário está alterado e ameaça a natureza e a vida como conhecemos, as queimadas na Amazônia, o desaparecimento da Mata Atlântica, da Caatinga e do Cerrado, nossos biomas originários, são demonstrações nítidas de que não existe neutralidade, mesmo que a destruição seja local, os impactos negativos serão globais. Por isso precisamos LUTAR pela preservação da biodiversidade planetária”, alerta, em carta aberta, o Não Há Planeta B – Salvador.

SERVIÇO:

Data: 20 de setembro, sexta-feira

Horário: 9 h

Local: Campo Grande, Salvador, Bahia

Mais informações:

Leia na íntegra o manifesto da greve, publicado inicialmente pelo jornal britânico The Guardian e traduzido para o português pelo coletivo Não Há Planeta B – Salvador:

We’re stepping up – join us for a day to halt this climate crisis 

Estamos evoluindo – junte-se a nós por um dia para interromper essa crise climática  

We’re calling for a global strike on 20 September. Disrupting our normal lives is the only way to secure our future 

Estamos convocando uma greve global no dia 20 de setembro. Interromper nossa vida cotidiana é a única maneira de garantir nosso futuro.  

On 20 September, at the request of the young people who have been staging school strikes around the world, we’re walking out of our workplaces and homes to spend the day demanding action on the climate crisis, the greatest existential threat that all of us face. It’s a one-day climate strike, if you will – and it will not be the last. This is going to be the beginning of a week of action all over the world. And we hope to make it a turning point in history. 

No dia 20 de setembro, a pedido dos jovens que estão fazendo greves escolares ao redor do mundo, estamos saindo dos nossos locais de trabalho e casas para passar o dia  fazendo ações sobre a crise climática, a maior ameaça existencial que estamos enfrentando. É uma greve climática de um dia, se você quiser não será o último. Será o começo de uma semana de ações ao redor do mundo e nós esperamos torná-lo um marco na história.  

We hope others will join us: that people will leave their offices, their farms, their factories; that candidates will step off the campaign trail and football stars will leave the pitch; that movie actors will scrub off their makeup and teachers lay down their chalk; that cooks will close their restaurants and bring meals to protests; that pensioners too will break their daily routines and join together in sending the one message our leaders must hear: day by day, a business as usual approach is destroying the chance for a healthy, safe future on our planet. 

Esperamos que outros se juntem a nós: que as pessoas deixem seus escritórios, suas fazendas, suas fábricas; que os candidatos saiam de suas campanhas e as estrelas de futebol saiam dos campos; que os atores retirem suas maquiagens e professores abaixem o giz; que os cozinheiros fechem seus restaurantes e tragam refeições para os protestos; que os pensionistas também quebrem suas rotinas e unam-se para mandar a única mensagem que deve ser ouvida: dia a dia, as negociações como de costume, estão destruindo a chance de viver em um futuro saudável e seguro no nosso planeta.  

We are well aware that, by itself, this strike and a week of international climate actions won’t change the course of events. The good news is that we have the technologies we need – the price of a solar panel has plunged 90% in the past decade. And we know the policies to make them work: all across the planet some version of a Green New Deal has been proposed, laws that would speedily replace fossil fuels with the power of sun and wind, along the way providing good jobs and stabilising strong local economies. We salute the people – many of them young – working hard to pass those measures against the entrenched opposition of the fossil fuel industry. 

Sabemos bem que, por si só, essa greve e uma semana internacional de ações climáticas não vão mudar o curso dos eventos. A boa notícia é que nós temos as tecnologias que precisamos – o preço de um painel solar caiu 90% na última década. E nós conhecemos as políticas para fazê-lo funcionar: em todo o planeta, uma versão do Green New Deal* foi proposta, leis que substituíam rapidamente os combustíveis fósseis pelo poder do sol e vento,  proporcionando bons empregos e estabilizando as fortes economias locais. Saudamos essas pessoas, em maioria jovens, que trabalham duramente para aprovar essas medidas contra a resistente oposição da indústria de combustíveis fósseis. 

The September day of global action is designed to support those people. We hope all kinds of environmental, public health, social justice and development groups will join in, but our greatest hope is simply to show that those working on this crisis have the backing of millions of human beings who harbour a growing dread about our environmental plight but who have so far stayed mostly on the sidelines. It may take a few attempts to get those kind of numbers in the streets, but we don’t have too long: our window for effective climate action is closing fast. 

O dia da ação global de setembro é destinado para dar apoio a essas pessoas. Esperamos ver todos os tipos de grupos ambientalistas, saúde pública, justiça social e grupos de desenvolvimento em união, mas nossa maior esperança é simplesmente mostrar para aqueles que trabalham contra essa crise, que eles têm milhões de seres humanos que abrigam um pavor crescente sobre nossa situação ambiental mas que até agora ficou na margem. Pode-se levar algum tempo para conseguir esse tipo de número nas ruas mas não temos muito tempo: nossa janela para uma efetiva ação climática está se fechando rapidamente.  

We know not everyone can join us. On a grossly unequal planet, some people literally can’t do without a single day’s pay, or they work for bosses who would fire them if they dared try. And some jobs simply can’t stop: emergency room doctors should keep at their tasks. But many of us can put off for 24 hours our usual day to day routine, confident it will be there when we return. We hope some people will spend the day in protest: against new pipelines, or the banks that fund them; against the oil companies and the politicians that spread their lies. We hope others will spend the day putting insulation in the walls of their neighbours’ homes, or building cycle paths. We hope everyone will take at least a few minutes in a city park or a farm field or on the roof of their apartment to simply soak in the beauty of the world it’s our privilege to protect. 

Sabemos que nem todos podem se juntar a nós. Em um planeta grosseiramente desigual, algumas pessoas literalmente não conseguem ficar um dia sem salário, ou eles trabalham para chefes que os demitiram se ousassem tentar. E alguns trabalhos simplesmente não podem parar: médicos da sala de emergência devem manter seus postos, mas muitos de nós podemos adiar por 24 horas nossa rotina diária, confiantes de que ela voltará ao normal no dia seguinte. Esperamos que algumas pessoas passem o dia em protesto: contra novos oleodutos/gasodutos  ou bancos que os financiam; contra companhias de pretóleo e os políticos que espalham suas mentiras. Nós esperamos que alguns passem o dia ajudando amigas com filhos, construindo ciclovias, entre outros gestos importantes de solidariedade. Esperamos que todos levem pelo menos alguns minutos em um parque da cidade ou em um campo agrícola ou no telhado de seu apartamento para simplesmente aproveitar a beleza do mundo que é nosso privilégio proteger.  

Obviously this is a lot to ask. A day in the life of the world is a big deal, and all of us are used to our routines. But we’re not comfortable letting schoolchildren carry all the weight here – they need our backing. And disrupting our normal lives seems key – it’s normal life that is doing us in, the fact that we rise each morning and do pretty much the same things we did the day before, even amid an unfolding crisis. 

Obviamente fizemos muitos pedidos. Um dia de vida no mundo é muito importante, e todos nós estamos acostumados com nossas rotinas. Mas nós não estamos confortáveis em deixar que crianças em idade escolar carreguem todo o peso aqui – elas precisam de nosso suporte. E interromper nossas vidas normais parece ser a chave – é essa vida normal que está nos levando, ao fato de que nós levantamos cada manhã e fazemos as mesmas coisas que fizemos no dia anterior, mesmo em meio a uma crise que se desenrola.  

We are the people who happen to be alive at the moment when our choices will determine the future for tens of thousands of years: how high the seas will rise, how far the deserts will spread, how fast the forests will burn. Part of our work must be to protect theat future. 

Somos as pessoas que estão vivas no momento  que  nossas escolhas determinarão o futuro  por dezenas de milhares de anos: quão alto os mares subirão, quão longe os desertos se espalharão, quão rápido as florestas queimarão. Parte do nosso trabalho é proteger o futuro.  

Não Há Planeta B – Salvador, Greenpeace, Bel Borba, Márcio Meireles, Zélia Duncan, Clarisse Abujamra, Manuela D’Ávila, Carlos Prazeres, Jorge Portugal, Ludimilla Teixeira, Vânia Abreu, Almério, Márcia Castro, Márcia Tiburi, Liliana Mercuri, Alexandre Lins, Fabíola Aquino, Antônio Pitanga, Beto Brant, Jaques Morelembaum, Marcos Rezende, Vovô do Ilê e Maviael Mello são signatárias/os deste artigo. 

Margaret Atwood, Geneviève Azam, Tom Ballard, Fadel Barro, Nnimmo Bassey, May Boeve, Patrick Bond, Mike Brune, Nicola Bullard, Sharan Burrow, Valérie Cabanes, Rachel Carmona, Dr Craig Challen, Noam Chomsky, Maxime Combes, Thomas Coutrot, Cyril Dion, Tasneem Essop, Christiana Figueres, Prof Tim Flannery, Nancy Fraser, KC Golden, Tom BK Goldtooth, Maggie Gyllenhaal, Dr John Hewson, John Holloway, Prof Lesley Hughes, Tomás Insua, Satvir Kaur, Barbara Kingsolver, Winona LaDuke, Jenni Laiti, Bruno Latour, Annie Leonard, Michael Mann, Gina McCarthy, Heather McGhee, Luca Mercalli, Moema Miranda, Jennifer Morgan, Tadzio Müller, Kumi Naidoo, Mohamed Nasheed, Carlo Petrini, Dr Anne Poelina, Mark Ruffalo, Peter Sarsgaard, Dr Vandana Shiva, Rebecca Solnit, Gus Speth, Prof Will Steffen, Tom Steyer, Chris Taylor, Terry Tempest-Williams, Aurélie Trouvé, Farhana Yamin, Lennox Yearwood are signatories to this article. 

 

* O “Green New Deal” (em português, novo acordo verde ou novo tratado verde) é o nome dado à série de propostas económicas para ajudar a combater as alterações climáticas e a desigualdade económica. O seu nome refere-se ao New Deal, conjunto de programas económicos aplicados pelo Presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt para combater a Grande Depressão.

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